BOM DIA COM POESIA
MOMENTO DE REFLEXÃO
ESSE ESPAÇO FOI CRIADO PARA INCENTIVAR OS ASSOCIADOS A DIVULGAREM SEUS PENSAMENTOS E SENTIMENTOS EM FORMA DE POEMAS, CRÔNICAS, CAUSOS OU QUALQUER OUTRA FORMA DE EXPRESSÃO.
TIRE SEU ESCRITO DA GAVETA, CRIE NOVOS TEXTOS, COMPARTILHE!
ATO DE FÉ
Virgínia Leal
Oh! Fonte infinita de amor
que conhece minhas fraquezas,
e também a minha força
Ativa em mim a confiança
em teus propósitos,
e em meu potencial de superação
e evolução
No sagrado altar da fé
ofereço em sacrifício
as crenças equivocadas,
as dúvidas infundadas,
e o medo de me perder em Ti.
Solenemente, queimo as mazelas
na pira da imolação.
Em labor de entrega,
jogo-me no vácuo
do incompreensível
divino destino
que me reservas
Solto a culpa paralisante,
assumo os erros
e os converto em aprendizado.
Separo o joio do trigo
e ativo a cura que há em mim
Que Tua fonte jorre
a fé que conquistei
e que se afirma
a cada experiência em
que decido por Ti
E fortalecida atravesso
a multidão de descrença,
da hesitação, e de nãos
que há em mim,
e enfim toco a Túnica
Sagrada da transcendência.
A escolha cotidiária pelo divino é a fé em movimento.
Onde está?
A paz não paga
O apego ao nada
O tudo ao lado
O olhar alado
Onde tá?
O tempo passado
O tempo passando
A máquina rodando
Vidas rolando
Ao lado eu vejo
Tá lá!
O vento
O mar
O verde…
Pássaros, gatos …
Homens!
O par
O ímpar
Lá está!
Vamos olhar?
(Erivânia Nóbrega)
MEUS EUS (3ª versão)
Virgínia Leal
Eis-me aqui a vislumbrar os meus Eus …
Sou a multidão sedenta,
ávida de sabedoria e paz
A que aprende enquanto ensina
na vibração de quem fala
e no silêncio de quem escuta
no ver, no observar e no sentir
na experiência e no que vem depois …
O fio que tece o destino
O ponto que dá sentido ao que faço
O nó a ser desatado
A teia de minhas experiências
O subjetivo no objetivo
O círculo dentro do quadrado
Linha sinuosa no encontro da reta
A figura seguindo a espiral
O paradoxo dual
imerso no universo do UM
Sou simples e tão complexa,
Charada em livro aberto
O quebra cabeça a ser feito
O espelho do que vejo fora
e também dentro de mim.
O impulso do encontro
e o freio da hesitação
A que dá e sonega
a que acolhe e rejeita
Aquela que segue o desconhecido
e quem também o teme
Eu sou a árvore que me dá sombra
a raiz que me sustenta
o fruto que me alimenta
e nutre quem vem a mim
A que me entende e a que me confunde
Tão íntima e tão forasteira de mim
Eu não sou para amadores
que queiram respostas fáceis
É simples me decifrar
Basta coração aberto
desarmado e leve
que sonda os mistérios de si
Sou muitas e singular
Diversa e tão comum
Igual a todos e tão eu mesma
Essa sou eu, em várias versões de mim
Essa somos todos nós, em nossos nós, em nós …
CÔNCAVO E CONVEXO
Virgínia Leal
Em mim, há um outro eu, que é meu oposto
Enquanto sou idealista, ele é realização
Tenho os pés no chão, ele é só fantasia
Quando ele teoriza, e eu já estou na prática
Sou intensa, e ele é suave.
Quero aventura, ele quer segurança
Sou feita de sol, ele de lua.
Sou amor, ele é medo.
Eu tento fluir e ele retém.
Sou movimento e ele é estático.
Ele é laboratório e eu experimento.
Enquanto escolho o próximo passo, ele se senta.
Como é possível o mesmo ser
duplicar tanta contradição?
Tudo fica travado nesse cabo de guerra
E o côncavo e o convexo não se encaixam.
Nunca perca a capacidade de amar, de abraçar, de perdoar, de mudar para melhor, de respeitar de sentir, ouvir o coração…enfim, nunca, mas nunca mesmo perca a fé em si mesmo e no ser humano. Se nós não cuidarmos uns dos outros como se fôssemos jóias raras, cavaremos, com nossas próprias mãos sujas de egoísmos, frieza, preconceito, ganância , nossas próprias sepulturas.
BOM DIA!!!
Tereza Rios
BOM DIA COM POESIA
PORQUÊ SÓ EU?
Carlos Bezerra
Eu, sou eu
mas quando penso
sou vários eus
e nesses vários
confundo-me
com os alheios.
O eu
é essencial e singular
único e original.
Sem presunção
não me misturo
aos tantos eus
que só desfoca
o que é fundamental.
A espiral
que gira, movimenta
e empurra todos
para seus destinos,
não significa
levá-los a confusão
pois os desfoques
estão nos eus.
Centre o pensamento
no que facilita,
dispense conceitos
e preconceitos
que tumultuam
sentimentos e emoções.
Centrado(a),
use o curso da flecha
que acerta em cheio
o alvo desejado.
Lá no alvo, com certeza,
está parado e esperando
a flecha da felicidade.
EVANDRO VASCONCELOS
Apressado, o tempo corre em direção do futuro.
Daqui a pouco o sol desponta no horizonte
Para olhar o dia que nasce.
É o último desse setembro elétrico, rápido. E não mais será setembro.
Restará a esperança, a promessa de salvação. Que seria de nós, sem a esperança?
É ela que nos dá força para lutar.
É ela que nos dá ânimo para enfrentar as batalhas da vida.
Que se vá setembro…
Que venham, logo, outubro, novembro e dezembro..
Eles nos dirão sobre o futuro.
Que Deus nos abençoe,
Que ilumine nosso amanhã
E traga, em cada novo dia,
A certeza de vivermos em um país onde é possível sermos irmãos, caminhar sem medo, acreditar na justiça e na ordem. Ter respeito e ser respeitado, uma nação de mulheres e homens que primam pela honestidade, que amam, sim, que amam o próximo como a si mesmos.
Utopia? Não meu irmão, minha irmã…
Esperança, isso é esperança.
A DANÇA DOS ELEMENTOS
Virgínia Leal
A paz primaverou
em flores delicadas
e ternas de meu Ser.
Honro a guerreira
mutante que sou,
cuja arma é a força
em firmar cada passo.
O feminino desponta
com as bênçãos
do masculino em mim,
pois encontrou, enfim,
o seu lugar.
Confiante, entrego-me
ao fluxo das experiências.
Acolho e reverencio a vida.
Tudo em mim é leveza e amor
Há uma lua na minha janela
A porta range
O piso estala
mas,
Há uma lua na minha janela
Na casa amarela
Traços verde lodo
O sol insiste
em fitar meu rosto
Mas,
Há uma lua na minha janela
Que nua
Me ver sua
Mas,
É tua
A lua na minha janela
(Erivânia Nóbrega)
BOM DIA COM POESIA
ALMAS GÊMEAS
Carlos Bezerra
A face frente a outra
olham-se
como diante de um espelho.
Ambas procuram
uma na outra
imagens de almas gêmeas.
Mostram-se elas
em cada olhar
a busca de traços
e sinais que revelem
egos de fantasias
e encantamentos.
A continuar assim
com certeza vão encontrar
o amor que tanto anseiam
tornando seus amores
e desejos
num só corpo em extase
para sonharem.
Gestação
Virgínia Leal
Ah, o transitório …
Tu que moves o estático,
que giras a roda da vida,
que impulsionas o fluxo,
lembras-me que nada é perene.
Conduza-me ao hiato,
ao vazio, ao vácuo,
tão prenhe e obscuro,
tão ancestral e tão novo.
Em meu casulo te espero.
Consagro-me ao que sou,
feita de diversos prismas,
singular e plural, em mim.
Confiante, maturo o próximo ciclo.
Porque hoje é sábado!
Evandro Vasconcelos
Sou
Amor,
Beijo,
Abraço,
Desejo,
Ousadia.
Solidão
Ausência
Brutalidade
Amizade
Diferença
Orgulho
Sou
Assim
Bem
Amado,
Difícil,
Odiado.
Será o
Amor
Bastante para
Alcançar a paz
Depois que a noite deixa
Orvalhar o dia?
Será o
Amar o jeito
Belo de ser
Alado e poder voar,
Depois de cada batalha,
Onde fica a felicidade?
O Trem
— Paulo Carvalho
Lá vem o trem! A terra treme,
faz barulho, solta fumaça,
mas ninguém, ninguém, o teme.
Se é noite, vemos o brilho,
à distância, do seu farol
clareando o escuro trilho.
Mas, o que é que o trem tem?
Tem amigos, tem bagagens
e conversas que entretem.
E o que é que o trem nos traz?
Pessoas queridas, boas notícias.
Até presentes? – É bem capaz!
Porém… O trem leva, também.
[Assim como faz a morte,]
leva os bons e os maus;
Como paisagens que vão e vem.
E as lembranças tão constantes,
no tempo que lhes convém,
vão se esvaindo dos sentidos,
[pouco a pouco]
como um apito de trem.
VOCÊ ME ENTENDE?
Virgínia Leal
A palavra é bênção
que cura,
é faca que fere,
amargura,
é dúvida e confusão,
é encantamento e
doçura
mistério, disfarce,
ocultação.
Essa linguagem cifrada,
de várias interpretações
ignora o efeito que causa
no leque das opções.
A palavra é vibração
que ressoa singularmente,
frustra quem a lançou
ao supor que é entendida
em sua mente.
E nem pensar que o silêncio
seja afinal a solução,
em vão querer decifrá-lo
só causa angústia e aflição.
Mas há um ponto na costura
que acolhe quem ouve
e quem fala,
é o cheiro do sentimento
que todo pensamento exala.
O que é que me falta fazer mais?
Autor: Edmilton Torres
Mote de autoria desconhecida
Mesmo correndo o risco de ser repetitivo, pois esse tema já foi explorado por vários poetas, não resisti e também fiz o meu poema.
Construí os Jardins da Babilônia
E também o Farol de Alexandria
Ensinei o Drummond fazer poesia
E plantei toda a flora da Amazônia
Alexandre, o Rei da Macedônia
Em batalhas, não me venceu jamais
Defini quatro Pontos Cardeais
E aboli o terror da escravatura
Se também eu pus fim à ditadura
O que é que me falta fazer mais?
Construí a muralha lá da China
Ensinei o Pelé a jogar bola
E o samba, a Paulinho da Viola
Fui ao topo do Pico da Neblina
Sem querer criei a Penicilina
No dilúvio salvei os animais
Numa arca onde pus vários casais
E entortei aquela Torre de Pisa
Se fui eu que pintei a Monalisa
O que é que me falta fazer mais?
Eu botei e apaguei o fogo em Roma
E depois construí o Coliseu
Toquei lira melhor do que Orfeu
Destruí a cidade de Sodoma
Mapeei a sequência do genoma
Inventei os transportes fluviais
Formulei as bases das leis penais
Derrubei todo o Muro de Berlim
Se fui eu que criei o Zepelim
O que é que me falta fazer mais?
Se fui eu que criei o alfabeto
E a Torre Eiffel lá em Paris
Lá também voei no 14 Bis
Das pirâmides fui o arquiteto
Defini quantos graus tem o ângulo reto
E criei sete notas musicais
Extingui duas Eras Glaciais
E ensinei a arte de Vitalino
Se criei até o submarino
O que é que me falta fazer mais?
Descobri que o quadrado dos catetos
Se somados dá o da hipotenusa
Eu cortei as cabeças da Medusa
E ensinei o Camões fazer sonetos
Eu fui Rei dos Peões lá em Barretos
Neste mundo eu não tive rivais
Dos seus feitos, eu fiz os principais
Fiz boleros melhor do que Ravel
Ganhei Oscar e até Prêmio Nobel
O que é que me falta fazer mais?
Inventei o motor a explosão
Descobri as reservas do pré-sal
Construí na Índia o Taj Mahal
Registrei a patente do avião
Inventei o rádio e a televisão
E fundei quase todos os jornais
As revistas e redes sociais
E ainda inventei o telefone
O relógio, o radar e até o drone
Desafio aqui quem faça mais
Edmilton Torres
Sensibilizado,
agradeço de coração
a todos pelas manifestações do meu aniversário.
A esse formidável grupo de irmãos, dedico o poema a seguir:
MUNDO FASCINANTE DOS MISTERIOS
Carlos Bezerra
No dia que eu der
o meu último suspiro
estarei me transportando
para o mundo fascinante
dos mistérios.
Na Terra,
deixarei para o esquecimento
os desafetos e equívocos
contra mim lançados.
Mas
no mundo dos mistérios,
se não existirem
as canções e sabores
os pássaros e as flores
e os amigos
que me fizeram feliz
estarei de novo morrendo
e desta vez de saudades.
AR DIVINO
Carlos Bezerra
Vento,
as vezes ventania
outras vezes
suave brisa,
quando parado
ar divino
porque te respiro
e a todo momento
me dás vida.
Através de ti
tenho acesso a Deus
e a Ele
me ligo e desligo.
Respirando tenho vida
ficando emancipado Dele, por ter vida.
Sem respirar
fico sem vida
e retorno a Ele.
Assim, sou como
onda do mar,
liberada luta,
enfrenta rochedos,
avança até a praia
e depois reflui
para a imensidão
oceânica (Deus),
nela se dilui e se incorpora para sempre.
O cinza do céu declara:
sua cor, por horas
necessária!
O azul do céu apela
Há de ser bela …
E tudo o mais
É certo
É real
A pétala presa
Se desprende e voa
A folha
No seu rumo
Voa igual
Já as asas
Estas estão
Nas palavras…
(Erivânia Nóbrega)
Ofereço hoje a letra de uma canção romântica, a ser executada em ritmo
de bolero. Aquele bolero para se dançar coladinhos num ambiente de penumbra.
BOAS PALAVRAS
Carlos Bezerra
Preciso tanto de você
Ouvir palavras que não Agridam
Que sejam elas para mim
Palavras mansas e Amigas
Que não ofendam
Minha alma
Nem enganem
Meu coração
Traga-me só bons
Sentimentos
De muito amor
E mais paixão
Palavras boas que
Cativem
Sem precisar trazer
Certezas
Sejam apenas Verdadeiras
E amorosas Companheiras
Esqueça assim
Nossas brigas
Boas palavras
É o que importa
Palavras sempre
Carinhosas
Para lhe amar
A vida inteira
Estar contigo
Nos meus braços
Olhando o brilho
Das estrelas
Iluminando nossos Corpos
É tudo hoje o
O que desejo
Que as palavras
Aqui ditas
Tenham o sabor
Do proibido
E carregadas de afetos
Facam-nos sempre
Mais felizes
CANTEI COMO UM PÁSSARO
Carlos Bezerra
Numa bela manhã
ensolarada
sem saber o porquê,
deu-me vontade de cantar, tal com canta
um pássaro para sei
jardim.
E então cantei:
Cantei as flores
e seus perfumes,
cantei para quem amo,
cantei ao mar e o céu,
cantei ao amor
e ao fogo da paixão,
cantei a alegria de viver
e a esse momento feliz,
e, num ímpeto juvenil,
cantei o meu canto
de felicidade,
para o mundo todo ouvir!
SOU TRIDIMENSIONAL
Carlos Bezerra
Eu sou
o que pensam que sou;
Eu sou
o que penso que sou;
Eu sou
o que realmente sou;
Tridimensionsl eu sou.
Os que pensam,
sou em função deles;
O que penso,
sou pelos meus
valores e crenças;
O que realmente sou,
sou pela espontaneidade
no meu agir e reagir.
Ao interagir com outros,
tridimensional eu sou
e os outros em relação a mim, igualmemte.
GRITOS E SUSURROS
Carlos Bezerra
Oriundas de muitos lugares
vozes em agonias
susurram
pelos sofrimentos
e maus tratos.
Elas clamam
por justiça
e igualdade
aos corações
amargos,
apelam sobremaneira
que abram mãos
dos egoísmos,
das ambições
e vaidades.
Compadeçam senhores
dessas tremendas
dores e humilhações
de nossos irmãos
sofredores.
São vozes que ecoam
desesperadas de medo,
indagando, em náuseas,
quando os sofrimentos
cessarão.
Elas, enquanto podem,
são almas que esperneiam
até se cansarem
em gritos e susurros,
que silenciam em seguida para sempre.
Onde estarão
os que contribuíram
para calar essas vozes,
responsáveis por
tantas aflições?
Remeto-as para a
consciência de cada um!
POESIA E AMOR
Carlos Bezerra
Poesia com amor
é mais poesia,
amor com poesia
é mais amor.
Poesia com amor
é um amor de poesia
amor com poesia
é uma poesia de amor.
Com esses trocadilhos
quero só dizer
O amor é poesia
e que a poesia é amor
Desafio Aceito
(de Carlos Bezerra e Edmilton Torres)
Virgínia Leal
Todo passado é estruturado
Pelos tijolos da experiência
E tirar dela o aprendizado
É o que traz toda sapiência
Não basta ser sonhador
Assim a sabedoria frisa
O retrovisor tem seu valor
Assim como o parabrisa
Mas o amor e a magia
modela o sonho sonhado
É alimento, é melodia
No mundo lírico maturado
No inviolável da mente
É importante atinar
Fincar os pés qual semente
E a cabeça nas nuvens voar
“No Expresso da Vida, o parabrisa
Vale tanto quanto o retrovisor”
Mote e glosa de Edmilton Torres
Quem não teve um passado estruturado
Não carrega uma boa experiência
E talvez não possua a sapiência
Para ter um futuro sossegado
As vivências felizes do passado
Dão suporte a um futuro promissor
Pois não basta ser só um sonhador
Pois, na vida, nem sempre se improvisa
No Expresso da Vida o parabrisa
Vale tanto quanto o retrovisor
Edmilton Torres
RECANTO DO POETA
Carlos Bezerra
O poeta não queria
conquistar o mundo,
não ambiciona poder
e fortuna.
Não quer deslumbrar
como fazem os reis,
filósofos e cientistas.
Não precisa de palácios
nem castelos que
Impressionam
mas desmoronam;
Ele aspira só uma coisa
através da poesia,
a imortalidade do
amor e a magia da vida.
Quer a paz e belas
canções para ouvir
ao lado dos amigos e amores,
cultivar flores
e sonhar muito,
sendo livre igual
uma gaivota em vôo.
Ele quer viver
seu mundo lírico
no inviolável espaço
de sua mente
e aí fincar um placa
com os dizeres:
RECANTO DO POETA –
ONDE SONHO É REALIDADE E REALIDADE
ENCANTAMENTOS.
SONHOS, SÓ SONHOS…
Carlos Bezerra
Habitei mundos
por mim sonhados,
vivi neles
muitos sonhos
sem me dar conta
da realidade.
No princípio só encantos
do que era puro e belo,
depois os desencantos
do que antes
encantos foram
daquilo que eu sonhara.
Trago então comigo
as desilusões
dos sonhadores,
vivendo hoje de esperanças
do retorno de outros
sonhos,
para continuar
no meu mundo,
que é de sonhos,
só sonhos, nada mais!
Introspecções
Edmilton Torres
Sonhos e medos confusos
Num vendaval de paixões
Buscar o éden, ou ir além
Da fértil imaginação?
Ser divino, à semelhança do seu Deus
Ou ser humano, pela vontade do mesmo Deus?
Criar raízes, qual árvore nobre
Eternizando-se na lembrança daqueles a quem abriga
Ou volatilizar-se, qual nuvem nômade
Perdendo-se na memória daqueles a quem serviu?
Como fazer feliz um coração sacro e profano
Que busca a plena liberdade?
Ah! Quem dera eu pudesse ter
Os pés alados de Hermes
Poder voar e correr
Ser Deus e homem
Ter o céu e o chão
SONHOS, SÓ SONHOS…
Carlos Bezerra
Habitei mundos
por mim sonhados,
vivi neles
muitos sonhos
sem me dar conta
da realidade.
No princípio só encantos
do que era puro e belo,
depois os desencantos
do que antes
encantos foram
daquilo que eu sonhara.
Trago então comigo
as desilusões
dos sonhadores,
vivendo hoje de esperanças
do retorno de outros
sonhos,
para continuar
no meu mundo,
que é de sonhos,
só sonhos, nada mais!
Almas Gêmeas (poema revisitado)
Virgínia Leal
Uma alma agitada,
saciada de tudo no mundo
guardava em si calada
um sentimento profundo.
Olhava para as estrelas,
em reduto solitário,
buscava palavras singelas
questionando o imaginário
Seu coração lhe dizia
no infinito, em algum lugar
uma alma afim havia
também a se perguntar.
E para ela espelhou
suas íntimas aspirações,
a semente fértil plantou
em ambos os corações.
E pode então perceber,
por rápidos momentos,
a presença a lhe dizer,
acolho seus sentimentos.
E aquela alma inquieta
nada mais quis perguntar,
pois teve certeza perpétua
que o bom da vida é amar.
O QUERER
Virgínia Leal
O querer é uma flor
delicada,
que nasce sol
e morre lua.
Frágil e aleatória,
a flecha sem alvo
supõe querer
quiçá o quê.
É um estado
de avidez,
pira a crepitar
o fogo do desejo.
Anseio indecifrável,
doce agonia,
surge e se esvai
em nuvem passageira.
Uma busca
sem rumo,
um olhar
sem visão,
um toque
à flor da pele.
É sonho
que tira o sono,
devaneio doído,
tênue e ébrio.
Um instante
que se quer capturar.
O querer …
Ah bruta flor, bruta flor
PARA REFLEXÃO
CONSEQUÊNCIAS…
Carlos Bezerra
Na intolerância
a brandura padece
Na rigidez
a compreensão trava
No fingimento
a atitude empobrece
Na falsidade
o caráter desaparece
Na mentira
a verdade se apaga
Na traição
a confiança some
Na injustiça
a alma grita
Na doença
a alegria encolhe
Na dor
o corpo geme
No rancor
a mente se corrompe
Na raiva
o desequilíbrio impera
Na ira
a loucura domina
Na tristeza
o espírito sofre
Na prepotência
a humildade é zombada
Na ganância
a maioria perde
Na guerra
a estupidez vence
No desamor
a felicidade chora
Na desesperança
a vida morre.
“Pus segredo no cofre da lembrança
Pra não ter que mexer no meu passado”.
Mote de Silvano Lyra – O Poetizante
Glosa de Edmilton Torres
Eu vivia sombrio e deprimido
Remoendo tristezas e fracassos
Limitando o alcance dos meus passos
Numa vida sem rumo, sem sentido
Do futuro eu fiquei desiludido
Me sentindo um completo fracassado
Mas meu Deus devolveu-me a confiança
Pus segredo no cofre da lembrança
Pra não ter que mexer no meu passado
Edmilton Torres
ACORDAR COM A BRISA
Carlos Bezerra
Minha amiga, suave brisa,
peço-lhe hoje um favor:
Voe correndo para ela
para saudá-la por mim
nessa bonita manhã de verão.
Vá de mansinho acordá-la
entre o sol brilhante
e os pássaros a cantar.
Mas ao entrar na casa dela
faça tudo devagarzinho
para ela não pensar
se tratar de um vento forte
e se amedrontar!
Com muito cuidado chegue
ao seu quarto,
e ela ainda na cama acaricie
o seu corpo
tocando bem de leve os cabelos e
o seu rosto
de modo a não assustá-la!
Então, dê um sopro ligeiro
no seu ouvido para ela despertar,
ao sentir um agradável arrepio
ainda sonolenta,
vai achar que estou ao seu lado
lhe fazendo tudo isso!
QUERES…
Carlos Bezerra
Queres passear comigo
dá-me as tuas mãos,
vamos por um caminho
que nos leve a uma sombra,
de uma frondosa árvore
no alto de uma colina.
Queres me alegrar,
continuemos a procura
de um lago quê
no seu espelho aquático,
reflitam nossos rostos
enternecidos e apaixonados.
Queres me agradar mais,
empresta-me teu lindo sorriso,
para juntar as belas flores que embelezam
este bucolico lugar.
Queres me fazer
realmente feliz,
enlaça-me em teus braços jurando que
nunca vai me deixar.
BOM DIA COM POESIA
Apesar do dia dos pais, vou dedicar hoje um poema a uma avó que vibra pelo nascimento de um netinho, Neuzinha.
POESIA
Carlos Bezerra
Do nascimento
de uma criancinha
a de um rostinho que ri…
De uma bela flor
que desabrocha
a uma pessoa
vibrante de felicidade…
De um gesto que ama
a um ato que abraça…
De um sol que nasce
a um céu estrelado…
De um belo luar
a uma linda queda
de cachoeira…
Isso tudo é divino
e fascinante e,
quando emociona
e comove,
transformam-se
numa coisa só:
Poesia.
Carta ao meu pai
Virgínia Leal
Meu pai
Quando penso em ti
volto a ser criança,
aquela menina com laço de fita
a te pentear.
Que te observava nos gestos
metódicos, no ritual diário:
Os pés sempre bem
enxutos, dedo a dedo,
esticava e depois sacudia as meias
antes de vesti-las,
a calçadeira te ajudava com os sapatos.
Tu me conduzias de mãos dadas
à “cidade”, onde me deleitava de
uvas passas em pequena e bela caixa,
que depois servia de brinquedo.
Encantada com o mundo
que me apresentastes,
de personagens e tramas,
te transformei num deles.
Vivia a sondar a mente
daquele misterioso homem
de poucas palavras e muitas letras,
que transitava sem cerimônia
da austeridade distraída
ao olhar terno,
da raiva ao choro.
Recolho essas memórias saudosas
em um instante que se eterniza,
e rendo essa humilde homenagem
ao homem que me gerou,
à minha referência masculina
que sempre amarei.
Errantes do Tempo
Virgínia Leal
Errantes do tempo somos.
Autômatos a percorrer o conhecido.
Com pés descalços em pedras ásperas
ferimos a dor.
A dor do mundo a nos acenar o passado,
os ancestrais a clamar por justiça.
Fantasmas das horas, traçamos trajeto
de linhas retas, alheios à sinuosidade
da estrada.
Espectros dos dias, seguimos em frente
(olhando para trás)
rumo ao que já estava escrito.
Sagradas letras que profanamos,
enquanto rogamos por salvação.
E a vida pulsante nos aguarda
em despertar do que plantamos
e colhemos ,
inconscientes da jornada.
Brincamos de esconde-esconde,
sem ter quem nos procure,
enquanto Cronos nos espera
à sombra de frondosa macieira.
[07:42, 08/08/2020] Erivania: 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
Costurei meus poemas preferidos
Ponto a ponto!
Fiz e refiz os cosidos
Emendei partes
Outras, lancei ao lixo
Dos anos perdidos
Restou-me linha
Agulha em punho
Ponho meus pontos
Alguns remendos
E vou cosendo
Letra a letra
Sem alinhavos
Todo em pesponto
Ponto por ponto
Tecer meus versos
Tecido fino
Último ponto
Vestido pronto
(Erivânia Nóbrega)
CONCURSO 1972
No fim dos anos sessenta
Houve a unificação
Das Caixas Estaduais
Existentes na Nação
Nascia a famosa CEF
Sigla que ninguém esquece,
Mudou, mas não muda não
A nova empresa surgiu
E precisava crescer
Mas só em setenta e dois
É que foi acontecer
Concurso nacional
Para um cargo inicial
Corri e fui me inscrever
Era só na Guararapes
No décimo primeiro andar
A fila naquela escada
Com um calor de lascar
Essa fila pouco andava
Ninguém ali reclamava
Foi disposto a esperar
Dez mil vagas no Brasil
Era um emprego arretado
As provas aconteceram
Aguardar o resultado
Logo veio a relação
Nome e classificação
Ninguém ainda aprovado
Tinha a eliminatória
Só pensar nela doía
Era um bicho papão
A tal datilografia
Se lascou, tá descartado
Se passou será chamado
É só aguardar o dia
O exame de saúde
Era pra lhe consagrar
Devia tá bom de tudo
Pro doutor não reprovar
Se tivesse uma coceira
Ou batesse a tremedeira
Voltava pra se tratar
Também o psicotécnico
Chatinho e encabulado
Ver se o cabra era doido
Ou meio desaprumado
O doutor observando
A gente deambulando
Pra frente, pra traz, de lado
O médico da própria Caixa
Dava o seu laudo final
Aprovado era aguardar
Portaria oficial
Chegava grande momento
Levar cada documento
Ao Setor de Pessoal
Toda documentação de praxe
Mas alguns bem diferentes
Pedia Folha Corrida
Fussavam a vida da gente
Carteira Profissional
Diploma Ginasial
Fotos com data recente.
Outubro setenta e quatro
No dia trinta cheguei
Ao chefe seu Paulo Lemos
A quem me apresentei
Vai trabalhar comigo
E me deu logo um castigo
Assim que eu me sentei
Vá para aquele birô
Fazer sua admissão
Começa a trabalhar hoje
Vou fazer o seu cartão
Agora corte o cabelo
Amanhã já quero vê-lo
Com outra apresentação
Fazer o quê, fui cortar
Meu cabelo nesse dia
Tive sorte em trabalhar
Na cidade onde eu vivia
Os primeiros colocados
Há dois anos contratados
Foram muitos pra Bahia
Aqui eram nove agências
Com cinco na Capital
Casa Amarela, Afogados
Na Guararapes, a Central
Recife, Encruzilhada
Cada qual mais acanhada
Um desconforto total
Lá na Marquês de Olinda
Era o Posto de Penhor
As outras quatro agências
Ficavam no interior
Sobre a Agência Central
A Sede da Filial
Nada de computador
No Sertão nem se falava
Era uma em Limoeiro
Outra em Caruaru
Terra de muito dinheiro
Nazaré mandava a cana
Girava uma boa grana
Garanhuns por derradeiro
Era o Gerente Geral
A maior autoridade
Sede e dois Departamentos
Um de Contabilidade
O outro administração
O Jurídico Divisão
Dono de toda verdade
A Loteria Esportiva
Num enorme casarão
Era na Ilha do Leite
Nas lojas, uma multidão
Todos querendo jogar
Com o sonho de cravar
Treze pontos no cartão
Observando os painéis
De nossas fotografias
Me chega à mente de hoje
A mente daqueles dias
Com todo mundo em ação
Permeando o coração
Com tensões e alegrias
Foi um bom tempo, não foi?
Excelente o de agora
Pra relembrar muitos causos
Citando até dia e hora
É um volume infinito
Chato, ruim, bom ou bonito
Nossa vida de outrora
Deixo um convite aos amigos
Pausa nessa pandemia
Lembrem dos causos vividos
Na Caixa em seu dia-a-dia
Mandem pra gente sorrir
Como é bom se divertir
Na paz, com muita alegria.
Recife, 03.08.2020
João Crisóstomo de Aguiar.
AMOR AOS AVÓS
Carlos Bezerra
Avô, avó, vovozinho, vovozinha, voinho, voinha, vô, vó…
Assim são chamados
os netinhos e netinhas
quando em crianças
seus avós procuravam.
Com gestos largos e acolhedores
abriam os braços
aconchegantes
dando refúgio seguro
aos medos e choros
dos netinhos dengosos.
Eram esses braços cheirosos,
de um cheiro só deles,
que davam agasalhos
e os acalmavam,
fazendo as vezes
dormirem nós embalos
amorosos.
Afetos inconfundíveis
e perenes
é o amor dos avós.
Ficam impregnados
nós netos
que mesmo já adultos
eles sentem
esse cheiro na pele.
E quando de novo,
um abraço desse acontece,
daquele bem apertado,
eles ficam como crianças
querendo dormir nos braços deles
VOAR ALTO, SEM MAGOAR
Carlos Bezerra
Abrir as asas e voar alto,
sim, por que não!
Mas sem arrogâncias.
Olhar do alto não para
caçar presas como fazem a águia, o gavião, o carcará.
Ver de cima, sim,
para cooperar com quem
não tem asas e olhos
de águia;
voar alto e aproveitar
o silêncio dos céus,
ajudar a quem não tem asas e caminha nesse
chão de mundo complicado.
De cima, sim, para orientar outros por caminhos mais seguros.
e melhores destinos.
Voar alto, mas sem
a índole da águia,
dominadores implacáveis
e vorazes predadores.
ILUSÃO
Como vai você?
Eu? Assim assim.
Por que saber de mim?
Posso dizer que bem
Ou falar que mal.
Isso importa a você?
Ou é simples social?
Se for pena, creia
Não necessito.
Se compaixão, sofra
Comigo a dor profunda
Da desilusão.
É da vida, acontece
A gente faz planos
E quando amanhece
Tudo fica diferente.
Sabe o que não muda
E na vida permanece?
A certeza que passa
A dor, a tristeza, a sorte.
Um dia, tudo acaba
Nos braços frios da morte.
evandro vasconcelos
AO BOM CORAÇÃO, AMIGO
Carlos Bezerra
Pouco importa a aparência,
seja elegante ou desarrumado,
seja rico ou pobre,
negro ou branco,
gordo ou magro,
moço ou idoso,
feio ou bonito,
religioso ou ateu,
da esquerda ou direita;
sou compreensivo com todos,
o que importa é o coração.
Se tiveres bom coração
conte sempre comigo,
se tiveres mau coração
não conte comigo adesão.
Carlos Bezerra
Acalanto
(2004, O Caleidoscópio da Vida)
Virgínia Leal
Nada a dizer, nada a fazer,
nada a entender,
Só resta o silêncio.
Amargas lições, rasgando o peito,
sem dor, só torpor:
Coração gelado.
Tudo está quieto, nada mais importa,
enfim veio a resposta
do que nunca perguntei.
Duras revelações
do que sempre neguei,
e agora que sei,
estou ausente de mim.
Tivera eu a coragem
de continuar a lutar,
encontraria vantagem
no ver, ouvir e calar.
TEMPOS NUBLADOS
Carlos Bezerra
Até a mais triste cor cinza
pode tornar-se
num azul bonito
tal como as nuvens
pesadas
podem transformar-se
num azul de alegria,
é só olhar com fé
para cima e acreditar
que o tempo lindo
vai voltar.
Com o tempo lindo
voltaremos de novo
a nos abraçar,
contentes e felizes
poderemos até dançar
e amar,
pois tudo vai passar.
Não se espantem, muito menos estranhem o fato do falar só. Na realidade tem coisa melhor do que falar com você mesma, sem censura, sem críticas, sem cuidados de ferir, de não agradar, cheia de dedos e meticulosa?
Isso não é sinal de idade, senilidade e outras ades. Isso é sinal de experiência, de sabedoria, de necessidade de conversar.
Então por que não conversar conosco mesmos na ausência do outro?
Essa é uma loucura saudável.
É que idade e experiência se aprende uma lição. Já dizia o sambista.
E nós estamos aprendendo e reinventando , viver e conviver com o isolamento social.
Blá, blá, blá , blá.
Dielu
Mote de Alan Thomas
A cortina do sol na alvorada
Abre a cena do dia no Sertão
Glosa de Edmilton Torres
Em um palco divino e singular
Ostentando a beleza do cenário
Muitas vezes parece imaginário
Mas real, pois podemos contemplar
Uma orquestra canora vem saudar
E outros seres entoam seu refrão
E assim tem início a encenação
Que a natura nos dá sem cobrar nada
A cortina do sol na alvorada
Abre a cena do dia no Sertão
Edmilton Torres
ISOLAMENTO
Virgínia Leal
Conviver é proibido.
Na solidão percebi
a estranheza de mim,
a solitude,
o auto isolamento.
No fundo do silêncio
Ressignifiquei vozes,
atualizei o presente,
ocultei o futuro.
Ao apartar, acendi saudades,
memórias de tempos felizes,
de acertos e desacertos.
O exílio sussurrou
que estive mais nele
do que no mundo.
O tempo desperdiçado.
Sondei os recônditos
mais escondidos,
e lá encontrei paixão,
amor e medo,
alegria e tristeza.
Minha teimosia,
a birra com Deus,
dúvida e fé.
O retiro não me é estranho.
É meu companheiro,
defesa e escudo,
alento e lar.
Escolho sair do casulo
e alço voos da imaginação,
do prazer, do sensível.
O isolamento é reflexão.
É escolha, é decisão.
Não é preciso forçar.
BILÔ E PRINCESA
Comprar o essencial
Durante essa pandemia
Exige um pouco de sorte
Fazendo o que não fazia
Da feirinha pelo ZAP
Não tem ninguém que escape
Credo em cruz, Ave Maria
É prático, não vou negar
Mas tem um grande senão
Você não vê o que compra
Nem apalpa com a mão
E quando a gente recebe
É aí que se percebe
A diferenciação
Precisa saber pedir
Para melhor receber
Muita gente até que pensa
Que tá lá pra escolher
É aí qu’êle se ferra
Pois o vendedor não erra
O culpado foi você
Bilô vem sofrendo os diabos
Encangado com Princesa
Sem poder sair de casa
Quis assim a natureza
Tá afrouxando o juízo
Entrando no prejuízo
Entupido de tristeza
Pois Princesa apeteceu
Comer uma tapióca
A massa que recebeu?
Aquela da mandioca
De fazer uma papinha
Molenga e amarelinha
No lugar comeu pipoca
Para o café da manhã
Uma fruta quebra o galho
O resto de pão que tinha
Tá mofado pra caralho
Buscou, achou uma lata
Com biscoito de batata
Danou-lhe pasta de alho
Êle inventou um churrasco
Lembrou-se, pediu sal grosso
Mas na carne se esqueceu
Mandaram tudo com osso
Quem roi osso é animal
Começou a passar mal
Que entronxou o pescoço
Um peixinho é muito bom
Prefere sempre o idoso
Porém que não seja aquele
Magrelo muito espinhoso
Pediu dum peixe grandão
Veio posta de cação
Bem duro e nada gostoso
Comida pronta também
É um tanto complicada
Às vezes chega ligeiro
Outras bastante atrasada
Comer o que não pediu
Ora, puta qui pariu
A danada foi trocada
Seu Bilô sobe a parede
Quando a comida não vem
Princesa, o que tem em casa?
Na geladeira só tem
Esse tal de RO
Que só vai dá pra eu só
E num dá pra mais ninguém.
Bilô queria correr
Princesa lhe segurou
A fome tá me matando
O telefone pegou
Traga logo o meu feijão
Tomou uma com limão
E o motoqueiro chegou
Pegou os troço e correu
Direto para a cozinha
Sem observar direito
Quanto quente era a quentinha
Jogou na boca e queimou-se
Botou pra fora e melou-se
Esparramando a galinha
Pro almoço domingueiro
Inventou de programar
Um filezinho no molho
Na hora de preparar
Foi pegar, não encontrou
O que tinha ele papou
E esqueceu de comprar
Pediu ajuda à mulher
Cardápio modificado
Princesa disse não posso
O meus óculos tá quebrado
Ora merda, vai querer?
Já sei o que vou fazer
Ovo frito acebolado.
Um misturado pra janta
Cai bem, ela foi fazer
Ajuntou os mantimento
Mas na hora de cozer
Empurrou tanto tempero
Qui ficou no desespero
Bilô, vem me socorrer!
Tava sem óculos na cara
Seu Bilô foi ajudar
Mas quando viu, era tarde
Pra panela temperar
Princesa tinha lascado
Eita bicho concentrado
O jeito foi refugar
Dormir com fome não pode
Diz Bilô franzindo a testa
princesa olhou pra Bilô…
Seu cachorro da mulesta!
O qui é isso danadinha?
Vou tomar uma caninha
Pra começar nossa festa.
Juntos vamos caminhando
Nessa triste pandemia
Carregada de tristeza
Saudade, melancolia
Aguardemos para ver
Ela desaparecer
Com fé na Virgem Maria.
Recife, 09. 07.2020
João Crisóstomo
Tum tum, tum tum, tum tum
Virgínia Leal
Tum tum, tum tum, tum tum
Ouço em meu peito uma batida
Um latejar que oferece vida
Um pulsar que lembra ondas
Que vêm e que vão
Tum tum, tum tum, tum tum
Algo que contrai e expande
Qual um bater de asas
Que bombeia vida
E tece cada fibra do Ser
Tum tum, tum tum, tum tum
A cadência de um trem
A distribuir destinos
Tambor anunciando futuros
Clamor de preces uníssonas
Tum tum, tum tum, tum tum
Uma cor (em) ação
Uma faísca que se faz luz
Uma centelha de DEUS
A nos lembrar quem somos
Tum tum, tum tum, tum tum
A vibração latente do AMOR
Bom dia !
Há momentos da vida, em que não precisamos de um Amor…
Não precisamos da paixão desenfreada …
Nem beijo na boca…
E nem corpos a se entrelaçar na dança intensa na maciez dos lençóis …
Há momentos , que só precisamos da mão no ombro, do abraço caloroso ou mesmo o estar ali, quietinho, ao nosso lado…
Calado…
Há momentos , que o choro vem , coração aperta , o que precisamos , é de uma presença amiga, a nos acolher , apoiar, o ouvir sereno , a nos motivar , incentivar, a nos trazer um sorriso…
Alguém que ria junto , até de nossas piadas sem graça…
Que vejam as nossas tristezas como as maiores de todas …
Que nos elogie sempre …
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável…
Que nos mande calar a boca ou nos impeça de fazer algo de forma impensada…
Alguém que nos diga:
Pense ! você pode está errado, mas eu estou aqui sempre ao seu lado…
Ou alguém que nos diga:
Eu sou seu amor!
Adriana Oliveira
A MULHER E A FLOR
Carlos Bezerra
Amar uma mulher
é como admirar uma flor,
você é atraído por ela
aproxima-se e se encanta.
Ao sentir seu perfume
a pega com carinho
e lhe trás pra suas mãos afaveis.
Ao tê-la nas mãos
você a beija e, nesse momento, a atração se perfaz, aflorando mútuos encantos e momentos de êxtases.
POEMINHA
DO EFÊMERO PODER
Carlos Bezerra
Tanta fama, tanto brilho,
muita força, que domínio!
De tanto o poder transborda,
ilude, corrompe e desvia.
Mas o tempo corre e passa,
míngua a fama, cega o brilho,
definha a força, cai o domínio,
a vida acaba, o poder termina.
BOM DIA COM POESIA
O QUE HOJE ME FAZ FELIZ …
Carlos Bezerra
Hoje, tenho o peso da idade para cuidar.
Do que vivi e passei, nada me arrependo.
Posses e bens pouco acumulei
o pouco que possuo me satisfaz;
minhas ambições agora são comedidas e
atualmente vivo de coisas simples
despojado de requintes
e ostentações.
Assim, para hoje eu ser feliz,
basta-me uma cabana perto do mar
para me proteger dos maus tempos e acolher
parentes e amigos;
desfrutar da brisa suave no meu rosto,
olhar no horizonte os primeiros raios do sol,
ver as silhuetas das gaivotas em vôos
e a noite deslumbrar-me
com a luz da lua,
sentindo os ventos mornos dos trópicos.
Hoje, só preciso do básico para viver:
Um saboroso alimento para comer,
roupas leves e comuns para o meu corpo,
uma rede para me balancar,
um amor para sonhar,
amigos para conversar
e me distrair,
perfume de flores para sentir,
pássaros para ouvir cantos bonitos,
imagens da natureza
para me comover,
gestos humanos para
para me emocionar,
belas músicas e canções
para escutar
e boas leituras para ajudar eu dormir.
Nada de aventuras, aliás,
nunca fui delas
e procuro me afastar do
mundo barulhento das
hipocrisias, dos egoísmos e dos perturbados,
afasto-me sim, não por medo ou covardia mas
porque sou pacífico, amo a paz;
me preocupo com a natureza e o meio ambiente;
prefiro pessoas compreensivas, de corações abertos,
convivam comigo na tranquilidade e harmonia
nessa vida conturbada
e ostensivamente hostil.
Nas minhas possibilidades ajudarei quem precise
e, com o tempo livre, vou
fazendo poemas,
filosofando sobre a vida
e curtindo o que aprecio.
Daqui pra frente quero
apenas encantamentos,
porque preciso deles
para encarar o mundo
que está gravemente enfermo moribundo
tornando minha alma
cada vez mais perplexa.
Revelo por último, que,
além disso, conto sempre com Deus
ao meu lado.
O MALFADADO CORONA
Gosto muito do humor
Nos versos que eu escrevo
Com Corona é diferente
Não sou louco, não me atrevo
Temos sim, que respeitá-lo
Se puder, até matá-lo
Arrancar nervo por nervo
O tal de sair de casa
Era muito apetitoso
Caminhar no velho parque
Um programinha manhoso
Meu Deus, se nem isso pode!
Adonde o véi se sacode?
Vai ficando preguiçoso
Frequentar supermercado
Era outra distração
Agora ficou difícil
Para nossa proteção
Somos do grupo de risco
Pode vir um mini cisco
E lascar o ancião
Tá tudo muito difícil
Não se pode ir à igreja
Lugar fechado? nem, nem
Qualquer um que ele seja
Até ronco de avião
Não se escuta mais não
Onde é que a gente esteja
Quem for viciado em shopping
Cuidado nessa abertura
Tem um tal de protocolo
Cheio de muita frescura
Será que vai proteger?
O melhor é se conter
Fica em casa, criatura
Tem roupa sem ver o sol
Trancada quase mofando
Meu dono me abandonou
Acho que tá viajando
Esqueceu de mim, danou-se
Eita lá, que bom se fosse!
Tô eu aqui esperando.
O carro quase não sai
Se brincar fica entrevado
O combustível baixou
Mas não vi o resultado
Sem ter para onde ir
Nem tampouco donde vir
Nada tenho aproveitado
Os gostosos cafézinhos
Nas nossas cafeterias
Encontros bem animados
Dessa nossa confraria
Foram para o beleléu
Sumiram a sopa e o mel
E um tiquinho de anarquia.
Sem falar no nosso encontro
Às terças o grande café
Uma vezinha por mês
Com bingo e arrastapé
Muita falta tá fazendo
Já tou aqui me lambendo
Volte logo, tenho fé.
A receita é muito simples
Pra gente se proteger
Difícil não é falar
Difícil é obedecer
Ficar em casa guardado
Quietinho e sossegado
Para não adoecer.
Acredite em nosso Pai
Êle há de nos ouvir
Para que estrebuchar
Querendo se divertir?
Guenta o tranco, sim senhor
Senhora, véio ou doutor
Tempo melhor há de vir.
Nem sei se vocês notaram
O negócio é esperar
Ou verbinho safadinho
Que faz a gente cansar
Pra todos um grande abraço
Espero que seu cansaço
Teja perto de acabar.
Recife, 30.06.2020
João Crisóstomo.
Esperança.
Se o dia não chegar como você esperava ou se o Sol estiver encoberto, procure pelo brilho da Esperança, escondido atrás das nuvens…
E sem deixar de sorrir para a Vida, vivencie por inteiro todos os pequenos e bons momentos que a você foram reservados pela Bondade Divina…
A vida não é, nem será, um mar de rosas.
Cabe a cada um de nós fazer do seu mundo, um mundo melhor…
Nada de negativismo, nem pessimismo, devem fazer parte do nosso cotidiano.
Transforme a tristeza em alegria e você se sentirá, ainda, muito melhor.
Empurre a tristeza pro lado e seja alegre e feliz sempre.
Tenham um excelente dia, abençoado por Deus.
ADRIANA OLIVEIRA
BOM DIA COM POESIA
MENSAGEM AOS JOVENS
Carlos Bezerra
Jovens que sonham com o amanhã,
com certeza o futuro será de vocês.
Seus sonhos hoje passeiam por
planícies verdejantes,
os meus, ora hesitantes,
caminham nas montanhas difíceis do tempo.
Seus olhos brilham juventude,
os meus realuzem vivências,
no percurso da minha
existência meus anseios
foram iguais aos seus
muitos desejos e sonhos
a realizar.
Se tudo que vocês fazem
são movidos por vigor e entusiasmo,
da minha parte me contento com a serenidade e experiência,
diante do tempo que ainda tenho.
Se a conquista do mundo
é o que motiva e os impulsionam,
para mim basta o reconhecimento
das realizações que já fiz na vida.
Se suas aspirações são
inquietas e impulsivas,
as minhas são menos ansiosas, tal qual as águas paradas de um lago.
Jovens, o mundo que herdarão é o construído
pela minha geração e de tantas outras que passaram; se não é o melhor dos mundos nos perdoem, fizemos o possível nas limitações
do nosso tempo, hoje, com os recursos disponíveis, torço que o torne bem melhor, mais próspero, mais saudável,
menos violento.
Por fim, meus jovens amigos, cuidem bem do corpo e do espírito e sejam muito felizes com o mundo que lhes espera.
Fica aqui apenas um singelo recado:
Dispensem-me de ser chamado da “melhor idade”, isso não passa de
enganação!
Em verdade, sejamos realistas, pertenço apenas a mais uma geração que está passando pela vida e aí sim, digo sinceramente a vocês, a geração “dos mais vividos”, e isto não é
enganação, é vida!
BOM DIA COM POESIA
(Tributo Póstumo a Helbe)
PÁSSARO FERIDO
Carlos Bezerra
Atingida pela seta do destino
a ave querida de todos
sofreu e não resistiu.
Mas como Fênix ressurgiu,
alçou altura no último suspiro,
voou como pluma
com destino aos céus
rumo ao reino de Deus
que a chamou e acolheu.
Aqui na Terra
ficará a mais pura saudade
de quem lhe conheceu e amou, mas teremos menos tristeza em saber,
que a paz de Deus você conquistou!
QUANTOS
Quantos somos?
Quantos fomos?
Éramos tantos…
Tantos sonhos
A realizar.
Tantos caminhos a percorrer.
Tantos amigos
Para abraçar
Tantas trilhas a vencer
E, de repente, tudo para.
Assim do nada, cadê?
Cadê tudo?
Quantos já perdemos?
Quantos vamos ainda perder?
A luta é desigual!
Queremos viver
E lutamos pela vida
Não sabemos quando
A proxima despedida.
Sabemos apenas que
A cada partida
Em cada um que fica
É aberta uma ferida
De dor e saudade.
Evandro Vasconcelos
BOM DIA COM POESIA
O ROSTO PERFEITO
Carlos Bezerra
INTRÓITO
Este poema já divulguei no Jornal da AEAP-PE, e agora, por oportuno e a propósito do MURAL recentemente lançado no grupo, que revelou tantos belos sorrisos de colegas, o relanço aqui com esta introdução.
O rosto para mim representa a vitrine da alma humana. É a expressão mais reveladora dessa alma diante da vida. E quando fiz o poema não me inspirei na beleza facial ou beleza estética do rosto, mas sim do rosto como vitrine da alma. Este intróito é importante para o adequado intendimento do poema.
Qual é o rosto perfeito?
O sério
O sóbrio
O carrancudo
O raivoso
O rancoroso
O antipático
Nenhum, é claro!
Então é …
O sereno
O bonito
O charmoso
O maquiado
O harmonioso
Ainda não…Quase!
Na realidade,
o rosto perfeito
é o que sorri
o sorridente,
o que agrada,
cativa e partilha
com todos,
a alegria e felicidade.
Quando o Amor é Perene
Além, muito além dos gestos
Eu te percebo
E nada me é estranho
Eu te percebo
no sinestésico pulsar
que exala da garganta
e tem cheiro de jasmim
Além dos cachos morenos
do vinco na testa
e da barba grisalha
onde te escondes
Como cortina ao vento
tu a mim te mostras
e vejo mais do que exibes
Adentro em teus mistérios
curiosa peregrina
a desbravar a senda azul
que leva aos segredos de mim
Além, muito além da íris
Eu me pressinto
E tudo me é estranho
Virgínia Leal – www.poemasleal.blogspot.com
SÃO JOÃO VIRTUAL
Emir Júnior
Esse São João virtual,
Tá com gosto de pirulito no papel,
Acode meus amigos e trás um gostinho de mel.
Mermo com a vista cansada, mermo com as oiça variada, trazer os distante pra perto, ouvir um recado esperto, alivia a solidão e acomoda o coração.
É muita gente faceira,
como visto no mural.
Tem sabor de canjica e pamonha, por isso se adisponha, celebre a vida amigo, remexendo inda que só o umbigo.
Tão falando num balaio voucher, êita que vai ser arretado, poder brincar inté mais, nessa festança mais animado.
Agradecer a Deus em qualquer situação. NEle depositar nossa oração, peça por todos os que você amar, e celebre feliz, do seu lar.
SÃO JOÃO VIRTUAL
NOSSO SÃO JOÃO 2020
Com certeza a pandemia
Um dia vai se danar
Mexeu com nosso São João
Que nunca vai se acabar
Lembremos como era bom
Dançar num foronfonfon
Dum sanfoneiro a tocar
Vamos fazer diferente
Usando imaginação
Sem um abraço gostoso
Na dancinha do salão
A “live” é um arremêdo
Pra animar o forguêdo
Sem fogueira e sem balão
Bote o seu traje nos trinques
Xadrez e chapéu de paia
Faça de conta que tá
No clube em plena gandaia
Castigando no forró
Uma dança das mió
Mulé balançando a saia
Ajunte, sem ajuntar
Muita gente pegadinha
Curta na televisão
E faça a sua festinha
Garanto será das boas
Cante, dance, solte as lôas
Tome a sua cervejinha
Coma pamonha, canjica
Um queijo de coalho assado
Bolo de milho também
Um cardápio caprichado
Vai até cachorro quente
Que anima o bucho da gente
Pra aguentar o xaxado
Curta bem com alegria
Que tudo vai melhorar
Se Deus quiser, vinte e um
Tem São João de arrombar
Saúde pra todos nós
Diz Gonzaga em sua voz
“E DEIXA A TANGA VOAR”
Recife, 23 junho 2020.
João Crisóstomo
SÃO JOÃO VIRTUAL
SÃO JOÃO DO NORDESTINO
MANOEL FILHO
NORDESTINO É CRIATIVO
EM QUALQUER SITUAÇÃO
PRA ELE NÃO HÁ PROBLEMA
QUE NÃO TENHA SOLUÇÃO
POR ISSO BATO NO PEITO
QUE A GENTE JÁ DEU UM JEITO
DE BRINCAR NESTE SÃO JOÃO
DE FATO NÃO TEM FOGUEIRA
MAS VAI TER ANIMAÇÃO
PRA DANÇAR COM O NOSSO AMOR
A SALA VIRA SALÃO
FESTA VAI TER COM CERTEZA
PRATOS DE MILHO NA MESA
E FORRÓ, XOTE E BAIÃO
VAMOS OLHAR PARA O CÉU
DE BELEZA SEM IGUAL
AGRADECER PELA VIDA
NESTA NOITE ESPECIAL
TENDO FÉ E TENDO UM PLANO
PARA QUE NO PRÓXIMO ANO
SEJA MUITO MAIS LEGAL.
SÃO JOÃO VIRTUAL
Evandro Vasconcelos
CONFITEOR
Eu ranjei ua minina
Que minina é força
De ixpressão .
Eta muierão !
Mai cuma eu ia dizeno
Ranjei ua minina
Pra mim namora.
Tão bonita a danada,
Tão brejera que é mermo colossa
Poi seus pssuidos,
Ah seu doto,
Num são coisa desse mundo não.
São um mundão de perdição!
E quano ela tá junto d’eu
Xerano bom feito que nem rosa de jardim
Inte pareço bicho que endoideceu.
Fico neuvoso, perco os parafuso
Os oios aceso, sem controla…
Parto pra riba dela
Quereno tudo pegá.
E a minina facera
Cum o jeitim que Deus li deu
Me assegura as mãos dizeno:
Num bole João, num bole
E eu carregado de vontade
Por arte dos diabo
Peço cuns oios de malícia
Assim cuma quem num quer
Deixa omenu eu toca?
Ah seu doto
Pro mode Deus ser ao grande
É que num permitiu
Muito dela eu proxima.
Pruque se minha flo facilita
Cum esse meu amor feroz,
Já tinha li passado as perna
E nessa hora ela e eu
Já era nós!
Gosto do São João
No Nordeste tradição
Onde agente se anima
Ouvindo xote e baião.
É festa de muito brilho
De fogos e fogueira
Onde tudo é brincadeira
E muita comida e milho.
É canjica, bolo, pamonha
Batata doce, queijo assado
Música nova e do passado.
Mas esse ano diferente
Dos outros é sem igual.
Sem dança, sem fogueira
Sem bandeiras na rua
Sem roupas coloridas
Que alegram as vidas
De quem gosta desse ritual
Do forró e da quadrilha
Te anima minha filha
Neste diferente São João virtual.
MARIA JOSÉ MOREIRA
TAMANDARÉ:Sempre que posso/Recorro à água do teu abraçar/Morno e sereno/ Só pra descascar…/E quando não posso/Vislumbro da areia o teu verde sem fim…/ Olhar inquieto/ Brilhante e esperto / Cuidando de mim. (Marzé ). Bom Domingo!
Amor
Virgínia Leal
O amor se sente, não se traduz.
Rejeita rótulos, não aceita regras.
Não tem limites, nem forma ou lugar.
Não usa disfarces, nem vive papéis.
Ele simplesmente existe,
está disponível em sua fonte inesgotável,
à espera de quem venha dele beber,
para nunca se saciar.
Possamos nós, nos invernos da vida,
disso lembrar.
“De todos, o poeta é sem dúvida o sumo do sujeito que faz arte, pois todo artista o que quer é criar poesia”. Wagner Moura
O “sumo”
Sumo – que se extrai (essência)
Sumo – verbo sumir presente
Sumo – mais alto posto religioso(extremo, excessivo)
Em sumo – em resumo
E ainda se botar um ^ vira uma luta (sumô)
Ser poeta é espremer vasto conteúdo e extrair essência – sumo
O poeta, some um pouco do meio e até de si
Ele vai até o mais alto posto e destrona conceitos, eleva pensamentos
Em sumo: o poeta em poucas palavras, diz muito
Ser poeta também é ser luta, enfrenta críticas até em sua licença.
Poetas, vão a luta com uma única arma: a arte
Erivânia Nóbrega
17/02/2020
TAMANDARÉ:Sempre que posso/Recorro à água do teu abraçar/Morno e sereno/ Só pra descascar…/E quando não posso/Vislumbro da areia o teu verde sem fim…/ Olhar inquieto/ Brilhante e esperto / Cuidando de mim. (Marzé ).
FELICIDADE É AMAR
Carlos Alberto Melo
Fui feliz quando acompanhado!
Sozinho fica difícil de viver,
Como humano não vivo isolado
Com outros é que vejo o amanhecer.
Encontrei carinho em cada semblante,
Nas estradas por mim percorridas,
Mesmo que fosse por um instante,
Fui feliz nas experiências vividas.
Felicidade é sentimento profundo,
Que as mudanças não podem apagar.
Ainda que mudem tudo no mundo
Os momentos felizes não vou esquecer,
Pois felicidade equivale a palavra amar
Que é tudo que preciso para viver.
Noite Mágica
Virgínia Leal
Noite mágica estrelada
A teia do tempo trama
Cruzar de olhares rentes
Cabelos ao vento, clama
Bocas de vinho ávidas
O hálito quente seduz
Fibras sentidas pressentem
Deleite ao som de blues
Rostos colados, penumbra
Na bruma voa a imaginação
Olhos fechados sondam
O acelerado do coração
Respiração ofegante
Peitos vibrantes, sussurros
Carícias frenéticas, gemidos
Delírios, vertigens, tão puros
Ecoam acordes agudo
Asas de águia ao luar
Nudez penetra navega
Riacho de néctar que há
Calam as bocas rubras
Os corpos suados falecem
Ao instante entregues, plenos
Alheios a tudo adormecem
Evandro Vasconcelos
Bom dia. Saúde e paz. Vamos comer canjica? Deixa de ser pamonha e põe na rua teu pé de moleque, e sai por aí cantando um forrozim. Tira a máscara da seriedade, bota na cabeça um balão colorido. Grita, pula, faz da alegria um bolo de milho. Sem fogos, sem fogueira, né?
O que é…o que é?
Toda mulher viva tem
Se da cidade ou roceira,
Me responda quem souber
Dê a resposta certeira.
O que a casada tem
Mais larga que a solteira?
Ednaldo cordelista
Resposta
Não é a blusa ou a saia
Também não é o pijama
Muito menos sua bolsa
Que aliás, é sempre um drama
Como dorme acompanhada
O mais largo da casada
Com certeza é sua cama
Edmilton Torres
Zuleide, desculpe pelo atraso, mas como dia 12 ainda está pertinho (ontem), ofereço em homenagem aos seus queridos e enamorados pais, o poema a seguir:
UM GRANDE AMOR É INFINITO…
Carlos Bezerra
Bom é ter um grande amor ao lado
para realizar sonhos e desejos
curtir e partilhar o que gostam.
Maravilhoso é ter por perto
um rosto que agrada e dá alegria
dando a sensação de que o amor nunca acaba.
Como é delicioso viver um amor
que se alimenta todos os dias
de atenção, carinhos e afetos.
Grandioso é o amor
que apesar dos maus tempos
resiste as todas as tempestades.
Sublime é o amor
que mesmo com os fortes ventos
crê no retorno da suave brisa e dos momentos felizes.
Amor feliz desse jeito jamais morre,
diferente do “Infinito em quanto dure” do porte cancioneiro.
O amor verdadeiro não é passageiro,
é duradouro, é infinito realmente.
POEMAS DE LÚCIA DUARTE MARQUES
QUERER BEM
evandro vasconcelos f°
Amar é querer bem
Sem nada medir.
Tudo fazer por alguém
Em troca nada pedir
A dor de querer bem
Dói muito e magoa.
É dor que não mata ninguém,
É dor gostosa e boa.
Triste do homem que não sente
A dor do bem querer.
Trai-se, foge e mente
Vive no mundo a sofrer.
Por isso não nego
Minha dor sofro também.
É dor gostosa que carrego,
É dor de querer bem.
OS CAMINHOS SÃO OS MESMOS…
Carlos Bezerra
Para todos que caminham os
caminhos são os mesmos,
o que variam são as pegadas de
cada um
isoladamente.
Os caminhos são predestinados,
neles cada um carrega o seu fardo,
deixando nas trilhas
suas marcas.
Só na encruzilhada do tempo, onde
todos se cruzarão, os caminhantes
serão avaliados e seus percursos
julgados, segundo os passos
dados.
Dali, todos dispersarão para outros
caminhos,
já então definitivamente traçados,
de acordo com
as profecias.
PALAVRAS DITAS …
Carlos Bezerra
Quem guardam as palavras ditas?
É quem as pronunciam,
é quem as escutam,
é a quem se refere
ou se evaporam no ar
desaparecendo?
Ao serem pronunciadas as palavras
não desaparecem, elas
Flutuam no ar quais gotículas de
expirros,
voam com o tempo a lugares
diversos e desconhecidos e, em
périplos periódicos,
retornam várias vezes como eco, em
outras vozes, enquanto existir o
tempo e ouvintes atentos, que
gravitam e se atraem em ondas
vibratórias e evolutivas no espaço
infinito da consciência cósmica.
Logo, depuradas e lapidadas por
esses ciclos e etapas, as palavras
voltam e se renovam, sob o influxo
da Lei do Carma.
O HOMEM
evandro vasconcelos f°
Quem é esse homem
Que embala meus sonhos,
Quem é esse homem
Que fortalece meu espírito,
Quem é esse homem
Que me ajuda a viver
Quem é esse homem Que me pede pra caninhar e me empurra
Para águas mais profundas?
Minha vida só tem sentido com Ele
Meus sonhos se tornam
Realidade através d’Ele
Meu espírito exulta por Ele e, com Ele, meus passos são largos
Meu caninhar é reto e seguro.
Não tenho medo de me afogar nas águas
Profundas e revoltas
Porque estou com Ele.
Esse homem é um revolucionário,
Criador de um novo tempo.
Esse homem é a esperança dos desesperados,
Dos excluídos e dos fracos como eu.
Esse homem é para
Os cegos, a luz.
Redentor das criaturas,
Salvador do mundo.
Esse homem é Jesus!
Evandro Vasconcelos Filho
O ASSASSINO
Transpõe a porta
E.porta nas mãos
Arma fatal.
Tem o coração frio,
Vincado pelas desilusões,
Frustrações, desamores
Sua face é dura
Espelando da alma
Os sofrimentos
As dores.
Transpõe a porta
E porta em si
O desejo de matar.
Quer se vingar do mundo
Que alheio à sua miséria
Sorria para alguns
Distribuindo prazeres
Riquezas.
Enquanto a ele cabia
Como parte de herança maldita
Fome, doença, tristeza
Transpõe a porta
E porta na mente
Neuroticos pensamentos
E, assim odioso,
Vai o assassino
Vindeta contra o mundo pregar.
É ferula da sociedade
Que pensa
Neste gesto impensado
Poder tudo mudar.
A pouco e pouco,
Lentamente,
Aproxima-se da vítima
Para ditar-lhe a sorte.
Transpõe a porta
E porta na mão
…a morte.
PROCURANDO UM MUNDO MELHOR
Carlos Bezerra
Busco um mundo melhor, um
mundo encantado, onde o viver
seja uma magia.
De dimensão surreal, tudo seja
etéreo ao tocar e baste pensar para
existir ou realizar.
Os caminhos sejam de pedras
brilhantes, lisas e coloridas, nelas
se pise flutuando, com destino a
jardins bonitos, cercados de
auroras boreais.
Onde se ouçam canções em
harpas, dedilhadas por formosas
musas.
Nesse mundo seus habitantes
sejam cordatos, de rostos
luminosos e alegres,
fé falas mansas e amigas.
Lugar onde não existam guerras,
pestes nem doenças, viva-se em
paz e não haja fome, saborei-se
roscas untadas de mel divinal.
Que nessa região se possa:
Banhar-se com a luz da lua,
enxugar-se com os raios do sol,
cobrir-se com o manto das estrelas
e se adormecer no aconchego do
divino cósmico.
Que ao despertar desse sono,
o dia esteja sempre luminoso e renovado
todos as manhãs, sob as brisas da
felicidade e as bençãos do Criador
de tudo isso.
Desencontro
Virgínia Leal
Eu sou uma mulher, você me vê assim?
Não sou a fêmea a satisfazer seus desejos,
nem a companheira a atender seus apelos,
não sou o se que espera de uma mãe,
filha, irmã ou amiga.
Antes de tudo sou gente,
com angústias e medos,
sonhos e pretensões,
desejos e anseios.
Eu sou um homem, você me vê assim?
Não quero ser visto pelo que proporciono.
Não quero ser desejado pelo que prometo.
Não existo para alimentar suas fantasias.
Também tenho angústias e medos,
sonhos e pretensões,
desejos e anseios.
Em que papeis deixamos de nos reconhecer?
Em que espelho perdemos nossas almas?
Em que torre predemos nosso coração?
Que mordaça segura nossas vozes?
Em que momento o elo se rompeu?
Ainda que os grilhões que nos imobilizam
tolham o discernimento,
ainda que o véu da ignorância
turve nossa visão,
seja o que façamos ou digamos,
não podemos esquecer que,
antes de tudo, somos apenas
seres humanos vestidos de um gênero.
O HOMEM, UM EQUILIBRISTA
Carlos Bezerra
Diante das tensões e emoções
inesperadas, ao caminhar sobre a
corda da razão, o homem o faz
equilibrando-se para não cair.
Difícil aprumar todos os passos e
um solavanco é possível, face as
ansiedades que fazem parte da
caminhada.
Em algum momento ele pode
despencar, seja por forte emoção
ou algo que o desequilibre, é
quando o tombo é fatal.
Complicada é a atravessia frente
aos imprevistos e os nervosismos,
sendo o equilíbrio a forma de
vencer o peso dos desejos contra a
resistência da razão.
O prumo então é um aprendizado, a
exigir dele bom e seguro domínio,
enquanto estiver sobre a corda
resistindo a todos impulsos, no
incerto caminho do
do seu destino.
Amor
Virgínia Leal
O amor não se traduz, apenas se sente.
Rejeita rótulos, não incorpora regras.
Não aceita limites, não tem forma ou lugar.
Não veste disfarces, não desempenha papéis.
Ele simplesmente existe,
está disponível em sua fonte inesgotável,
à espera de quem venha dele beber,
para nunca se saciar.
Possamos nós, nos invernos da vida,
disso lembrar.
ENTARDECER NUM DOMINGO A BEIRA MAR
Carlos Bezerra
A luz cede ao crepúsculo do
entardecer,
é a natureza começando
a recolher-se.
As alegrias do dia de mim se
despedem junto com o convívio
dos amigos que já se foram.
Os momentos prazerosos, desse
domingo, saem de cena
deixando-me tristeza,
os alaridos vindo da beira mar cede
a paz e ao silêncio da hora dos
ângelus.
Meu olhar fatigado da luz do dia, vê
no horizonte a noite chegando,
apagando os últimos raios do sol se
pondo.
Ainda dá pra ver o mar esverdeado,
com suas espumas brancas,
ziguezagueando para a praia
diluindo-se aos meus pés
molhados.
Vejo também ao longe
um casal de gaivotas em vôo
fazendo suas últimas evoluções do
dia a caminho do seu aconchego
noturno.
Enfim, a escuridão avança me
trazendo certa melancolia,
por acabar um belo dia, dia de
domingo, dia que termina quando a
tarde finda.
Tempo
Virgínia Leal
Tempo correndo, instantes vivendo
Horas escoam, já foi o presente
Semente tornou-se pó, unguento
Dia que foge distante, ausente
Hoje tem horas, minutos e agora?
Saturno acorda aqueles que sonham
Enquanto os desejos galopam
Instantes lentos os dias somam
CENÁRIOS DE ENLOUQUECIDOS
Carlos Bezerra
É cada vez mais difícil
delimitar-se a fronteira
do sensato e insensatez,
do racional e irracional
tudo está confuso.
A insanidade contagia
boa parte do mundo
parecendo ser cenários de
enlouquecidos.
Os bons valores são desprezados
e, na correnteza da banalidade, a
violência e o vulgar predominam.
Essa história é muita antiga e nesse
contexto a humanidade sofre, com
os males e desvios se avolumando
sob o fermento das maldades.
As astúcias e falsidades crescem
em todas atividades humanas,
as mediocridades e a enganação se
ampliam
nas variadas relações do homem.
Não se sabe até quando
crescerá esse bolo indigesto de
crueldades,
mas seus ingredientes revelam, o
quanto de lixo é fermentado
nas mentes daqueles que fazem o bolo.
Fé
Nuvem de poeira
leva uma oração
que escapou dos escombros.
Perdão
Veste a natureza
sereno manto de orvalho,
purgatório da manhã.
Imprevidência
Pronta expulsou-me da cama
uma fome azul.
Zomba a dispensa vazia.
MORRI SEM MORRER!
Carlos Bezerra
Morri muitas vezes!
Morreu minha infância
Morreu minha juventude
Morreram ambientes e caminhos
por onde andei
Morreram momentos alegres e tristes por que passei.
Morreram sensações prazerosas e muitos instantes benquistos.
Morreram rostos que amei.
Morreram ideais cultivados.
Morreram milhões de células do meu corpo
e hoje vivo a maturidade,
só falta agora eu morrer de verdade.
Mas enquanto isso não acontecer,
não deixarei morrer as esperanças por mim acalentadas.
Caminho sagrado – uma Jornada Xamãnica
Virgínia Leal
Os Seres-Trovão anunciam mudança,
a Flecha da Verdade foi arremessada
e o Pássaro de Água percorre
os Universos Interiores,
ao som dos tambores que falam.
A Dimensão dos Sonhos oferece
visão ilimitada,
pois o Grito de Guerra foi lançado.
Os Ritos de Passagem marcam
os ciclos da Roda da Cura,
o vapor das Pedras Sagradas a purificar o corpo,
a mente e o espírito.
O Lugar de Poder que ressoa ao coração,
traz a Cerimônia da Doação,
a morte, início de um ciclo de vida.
O despertar dos filhos do amanhã,
protegidos pelo Berço,
em Respeito à roda de todas as formas de vida,
escuta os Anciãos a transmitir a Tradição.
Os Ajudantes da Medicina Sagrada
mostram o propósito da vida.
O Escudo do Leste, iluminação, esclarecimento.
O Escudo do Norte, a lição aprendida, a gratidão.
A Fogueira do Conselho oferece
impulso para adiante,
enquanto a Cara Pintada expressa
as cores do Grande Mistério.
A Linguagem do céu em forma de nuvem ,
regido pelo Bastão-que-Fala,
conduz ao Campo da Fartura,
onde espera o Coral, o Vaso Mágico,
a sacola de talismãs.
A Roda da Cura evoca a Águia, o Coiote,
o Urso, o cantar com o Grande Búfalo.
A Terra Vermelha de que é feita a Inocência,
revela A Hora do Poder, a expressar alegria,
e o Salgueiro expande as raízes da comunhão.
No Grande Xale o amor volta a habitar.
VIAGEM NO MAR DA VIDA
Carlos Bezerra
Navego no mar como viajante da
vida,
esperando, numa esperança
incontida,
que os infortúnios não cruzem meu
caminho, tais como a intolerância, o
desamor e a violência
extensos como os oceanos.
E assim eu vou seguindo singrando
os mares agitados da existência,
parando em ilhas paradisíacas,
onde me inspiro para continuar e
domar as ondas traiçoeiras.
Nelas me lanço destemido,
enfrentando também os fortes
ventos para transformá-los em
suaves brisas.
Se o céu escurecer ainda assim não
desanimo, cubro-me com o manto
da paciência até a luz ressurgir tal
como o dia sucede a noite.
Se um nevoeiro aparecer,
do tempo brumoso faço
boas reflexões, o que
temperando o espírito do viajante.
Se as correntezas tentarem me
desviar resisto com a têmpora de
um GANDHI.
E assim prossigo, apesar dos
obstáculos, confiando em chegar
tranquilo no meu porto de destino,
onde espero descobrir, em
definitivo, a razão dessa viagem,
difícil e atormentada
de se concluir.
Em Busca da Alma
Virgínia Leal
A criança é a alma da casa;
a propaganda, a alma do negócio.
O que é a alma, afinal?
Seria a essência das coisas,
a ideia primária, o princípio de tudo?
Aquilo de que somos feito?
De onde vêm as ideias e sentimentos?
O lugar para onde vamos
em momentos de meditação?
Por que diz-se que a alma “é de outro mundo”?
Que mundo é esse, que nos faz estrangeiros
onde vivemos?
Seria a decadência, a decomposição,
o destino errante?
A consciência, a sabedoria, o Divino?
Seria a alma o assombro, o espanto?
Um olhar pra dentro, um descanso?
O bater de asas, um triste canto?
A maestria, a quintessência, o transe?
Quem sabe o ruído de espectro errante?
Ou aquilo que pergunta se alma existe?
O QUE É, O QUE É?
Virgínia Leal
Primeiros anos, primeira escola.
Pular academia, passar anel, lançar peão.
Brincar de casinha, de boneca, de roda,
de esconde-esconde, telefone sem fio.
Empinar papagaio, andar em perna de pau,
dançar bambolê, pular corda.
Jogar iôiô, pedrinhas, ferrão, chumbada.
Escalar muro, telhados, subir em árvores.
Jogar resta um, pega vareta,
montar castelo de cartas de baralho.
Caderno de preferências, coleção de papel de carta.
Violão na calçada, gírias, Beatles,
flertes, melhor amiga.
Primeiro diário, menstruação, salto alto, sutiã.
Primeiro baile, primeiro amor.
Mudança de bairro, de escola, de amigos.
Ingresso na faculdade, boates e bares.
Primeiro emprego, casamento, filho.
Primeiros cabelos brancos, novo bichinho de estimação.
Primeiro neto. Mudança de casa, de hábitos, de diversão.
Perda de cabelos, de memória, de amigos.
Primeiros passos para a Eternidade.
A OUTRA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO
Carlos Bezerra
Com é ruim ter uma pedra no meio
do caminho,
no meio do caminho ter uma pedra
(com licença Drumomond) é uma chatice.
Uma pedra habitualmente é pedra
comprometendo caminhos seguros
uma pedra continuamente é pedra
atrapalhando transeuntes distraídos;
Uma pedra insistentemente é pedra
provocando quedas terríveis;
um pedra invariavelmente será pedra,
porque sempre terá uma no
meio do caminho!
Melhor que não existissem,
para não se tropeçar tanto
nas veredas do destino.
VIAGEM INTERROMPIDA
Evandro Filho
E, de repente, parou.
O trem sai do caminho,
Descarrilou.
Que aconteceu?
Não sei, não sei
Falou o maquinista
Parecia tudo tão bem!
Talvez a poeira
Sobre os trilhos
Deixou um pedregulho
Causando o barulho
Desalinhando o carril.
Encerrou a viagem
Que podia ser feliz.
Não há como seguir
Quebrou o equilíbrio
Emperrou a engrenagem
Amontoadas as ferragens
Perdidas as paisagens.
Acabou-se a viagem.
Acabou-se.
Acabou!
Ato de Fé
Virgínia Leal
Conduz o compasso
Invisível mão
E faz ágil o traço
Bela é a evolução
Que envolve meu passo
Girando no ar
De um salto refaço
O leve dançar
Se vem o cansaço
um anjo eu vejo
guiando meus pés
Entrego num laço
A alma em enlevo
Num ato de fé
O MAR
Carlos Bezerra
Mar dos grandes mistérios
provável fonte da vida
sugere meu sangue alcalino.
Acima das suas ondas encrespadas
voam gaivotas, albatrozes e
andorinhas
e ainda surfam nelas homens
divertidos.
Nas suas profundezas a quietude
repousa e entre arrecifes e corais
coloridos, silenciosos desfilam os
peixes, raias e moluscos.
As ondas grandes que se elevam
me assustam
mas ao espelhar a bela noite
enluarada
tranquiliza e me encanta a
superfície prateada.
Mar, palco de épicas aventuras
humanas, ricas lendas guardam
suas águas onduladas, que os
digam Netuno, Ulisses e as Sereias,
que por elas habitaram.
As ondas imensas ao jugo dos
fortes ventos
alumbram navegadores e
românticos,
navegador eu não sou
romântico sim, daí a minha sintonia
com sua mística, envolvida com
canções bonitas, praia tropicais,
emoções e poesias.
A ERA DO “ACHISMO” E O VOTO
Virgínia Leal
Tempos estranhos vivemos … Momento em que muitos têm “opinião formada” sobre tudo. Os críticos de plantão não se demoram em trazer sua “palavra abalizada”, assim que alguém se aventura a se colocar sobre algum assunto ou tema. É a era do “achismo infundado”, do “não li e não gostei”. Sim, porque literalmente muitas vezes o comentário é lançado com base exclusivamente no título ou na resenha do que se contesta. Tivera lido o conteúdo, perceberia o despropósito da crítica.
O grupo de pessoas com déficit cognitivo só aumenta. São aqueles que não querem se dar ao trabalho, ou não desenvolveram a habilidade de interpretar apropriadamente um texto ou um discurso, de entender o que está sendo dito, e ainda assim, despudoradamente, se aventuram a dar sua nota, muitas vezes desqualificando o que foi dito ou escrito. Estão tão impregnados por essa atitude deletéria, que muitas vezes nem percebem o que fazem. Esse flagelo atinge até as pessoas imbuídas dos melhores propósitos. É preciso muita vigilância para não se contaminar.
Esse comportamento sai do meio das ideias e invade a intimidade do outro. Agora não só se critica o pensamento, rejeita-se igualmente o autor. E quando o “parecer” se torna público, rapidamente chega a adesão de outros vários, igualmente precipitados em sua ação.
Estamos na era da preguiça: preguiça de ler, de pensar, de se informar. Preguiça de pesquisar antes de postar um fake News ou uma “análise” mordaz. Preguiça de se inteirar dos fatos, das circunstâncias, da autoria; indolência de procurar o embasamento científico, técnico ou legal. Preguiça até de acompanhar as informações que ajudariam a tomar decisões conscientes na vida.
Levianamente é derramado o veneno sobre os outros. Ninguém é poupado: o político, o artista, o religioso, o líder, qualquer autoridade, além de colegas, amigos e a própria família. Voltamos à era das trevas, do escarnecimento público e apedrejamento coletivo, do julgamento sem provas e da condenação sem critério. São juízes sem toga nem diploma, a detonar a honra, o caráter e a vida de muitos. Juízes que não consideram os antecedentes nem precedentes, nem o vínculo afetivo de quem julga com quem é julgado. O rolo compressor passa por cima de todos, sem critério.
Há um clima de insatisfação generalizada, um prazer, muitas vezes inconsciente, em reclamar, em depreciar o outro, não importa por quê, nem do quê, sequer se há razão para isso. Nesse ambiente, a capacidade de apreciar, contemplar, desfrutar, acolher é irremediavelmente contaminada. A atmosfera é permanentemente cinza, o ambiente é de desconfiança e calúnia, o meio, de descabida defesa. É “eu ou o outro”, e não “eu e o outro”.
E é dessa forma que se caminha para fazer escolhas na vida, escolhas pessoais e escolhas que envolvem toda a coletividade, como é o do voto. Quem são essas pessoas que se dizem cidadãs e que não são capazes de separar o joio do trigo? Onde está a responsabilidade de um voto consciente? Agindo assim, o voto será mais um motivo de insatisfação futura, de julgamentos precipitados em sem embasamento, de insatisfação e de reclamações que deveriam ser dirigidas a si próprias por sua escolha.
Convém, então, refletir: Será que estão perdidos e enterrados o bom senso, o discernimento, a perspicácia, a ponderação? A humanidade está se tornando uma turba de autômatos e zumbis, hipnotizados por sua própria incapacidade de se ver, de ver o outro, de ver o mundo como realmente é? Perdeu-se a capacidade de acreditar, de sonhar, de ter fé na vida, nos outros, na humanidade e até em si próprio?
É hora de sair desse lugar em que voluntariamente nos colocamos. A chegada pode ter sido inconsciente, mas a saída precisa ser uma escolha. Imprescindível ter força e determinação para superar a auto ilusão, e persistência para sustentar o passo. Tenho esperanças de que chegará o momento em que a auto alienação dará lugar à sabedoria, que aqueles que hoje estão perdidos de si, volte à condição de seres pensantes, capazes de raciocinar. E que todos sejamos dignos de nos qualificar como Seres Humanos. Com Deus, sempre no Comando.
AUTO ESTIMA NA VIDA MADURA
Virgínia Leal
Para falar da auto estima, com foco na mulher madura, é preciso conhecer a diversidade de realidades que a desafia, muitas vezes alheias à sua vontade.
Para quem ainda desfruta da continuidade de uma vida a dois feliz, em que o casal se adaptou às mudanças do tempo na convivência, a auto estima não é uma dificuldade. Mas há quem amargue um casamento, já há muito fracassado. E aquela que está só por opção ou por falta dela, sofre muitas vezes o revés do destino, que lhe dá a tarefa de substituir a mãe com os cuidados dos netos, ou de ser cuidadora do companheiro e pais idosos. Ainda que dotada de paciência, abnegação e amor, essa missão pode ser desvitalizante, sob o ponto de vista físico e emocional. Para elas, urge encontrar uma fonte de prazer que as revigore e suavize o seu mister.
Há, no entanto, aquelas livres de encargos, atônitas com a solidão que se seguiu depois de uma vida de casa cheia. E que mesmo encontrando prazer em sua própria companhia, ainda sonham com alguém para usufruir de momentos agradáveis, ou até mesmo de um novo casamento. Para elas o desafio é maior, é grande a concorrência com mulheres no auge de sua exuberância.
Não existe idade para entrar na curva do declínio emocional, mas na idade madura ela se acelera pela decadência física, que interfere sobremaneira na auto estima feminina. Os homens, em geral priorizam nelas os atrativos físicos, o vigor e o viço. São pouco interessados no rico universo interior feminino, muitos sequer o entendem, sentem-se perturbados e confusos com seu contato. E é nessa fase que a mulher o vive em sua plenitude. É um lamentável desencontro.
Enquanto alguns homens não sabem lidar com a transformação do corpo feminino, a mulher, por motivos vários, é indulgente com os parcos atributos estéticos deles ou com sua degradação. Pode ser por uma questão cultural, pelo equivocado instinto materno, pela busca de um pai, e outros. Nesse mister a mulher está em vantagem, porque desenvolveu a capacidade de apreciar outros atributos masculinos como a inteligência, a sensibilidade (de poucos), os talentos artísticos, a habilidade de agregar, entre outros.
Há aqueles na fase madura, por sua vez, que sofrem com o declínio da virilidade sexual, porque durante a vida toda esse foi o único ponto de identificação para se sentir homem, frente a outro homem ou a uma mulher. Nessas condições, não sabe interagir com a mulher, sente-se inseguro. Paradoxalmente, a mais das vezes, é intolerante à maturidade física feminina.
Mas há uma característica que se destaca, e que seduz a mulher, que é a genuína auto confiança de alguns. Auto confiança que elas se despojaram, por não crerem na sobrevivência de sua capacidade de sedução.
A sedução é a arte de atrair, cativar, convencer, instigar, e para isso não é preciso beleza, juventude ou virilidade, sob o ponto de vista sexual. É preciso vigor e viço, sim, não do corpo perfeito, mas da energia que emana, da vitalidade que expressa, do entusiasmo de viver.
É aí que entra a auto estima, que não exige a aprovação do outro, é um namoro de si consigo mesmo, é a auto admiração, auto respeito, a auto aceitação plena de quem se é, com suas qualidades e defeitos. É se amar porque se conhece, por apreciar o que já conquistou no apuro de suas aptidões, e pela confiança em seu potencial. É o auto perdão dos erros, porque aprendeu com eles e redirecionou sua vida. É a constante atenção a si mesmo, a auto observação de cada passo, o compromisso em ser, a cada dia, a sua melhor versão.
Esse tipo de auto estima seduz criança, adulto, idoso, gato, cachorro, a vida, não importa em que fase do tempo se encontre. Ela afasta a dependência emocional, a tentação em concessões degradantes, a necessidade de admiração do outro.
A natureza é sábia, e se no inverno da vida tanto o homem quanto a mulher carecem dos hormônios, que na juventude os impulsionou para o sexo, é preciso reinventar a sexualidade, e também encontrar outras fontes de prazer que conciliem as necessidades do corpo e do espírito. Agora estamos mais próximos do mundo espiritual, para onde iremos ao fazermos a travessia. Para uma vida feliz a dois na maturidade, é preciso um encontro de almas. Almas enamoradas de si.
BOM DIA COM POESIA
APARÊNCIAS…
Carlos Bezerra
As coisas nem sempre
são como são.
As vezes elas são claras
como águas cristalinas,
transparentes, verdadeiras.
Em outros momentos as águas são turvas,
poluídas, não puras.
E assim vamos elas
decifrando seu
estado de pureza.
Desse modo
para quem busca
algo de importância
muita cautela é preciso
para o real não virar ilusão.
Isso parece racionalismo puro ou realismo incontido
para quem vive
de sentimentos e emoções.
Porém não se vive
sem se arriscar,
e na verdade você tem
que ser firme e seguro
pois nada estará bem
ajustado
enquanto você não der
sentido aos seus sonhos
e as suas realidades.
Confie então na balança
das transparências
a cada momento,
como um dever de casa,
pesando amiúde seus
sentimentos para não ter
surpresas a sua felicidade.
Por fim tenha muita fé
acreditando que tudo
vai dar certo.
VIDA-MORTE-VIDA
Virgínia Leal
Morte e Vida são lados da mesma moeda.
A mesma moeda que nos dá vigor
é ofertada ao barqueiro
para a travessia entre mundos.
É preciso estar atento
aos movimentos das faces irmãs,
e perceber quem se revela.
Soltar agradecido o que pereceu.
Seguir nova iniciação,
quando o aprendizado se concluiu.
Dar um passo à frente
exige deixar algo para trás,
pois bagagem pesada demais
dificulta a caminhada.
A vida não tem ponto de parada
só há percurso sem destino,
é um eterno contínuo,
um círculo sem começo nem fim.
Parar é não honrar o que feneceu.
É não dignificar o que morreu.
A existência íntegra requer imolação
do embrião, da criança,
do adolescente, do jovem,
para emergir o adulto em sua plenitude.
E quando vem o declínio,
o retorno para onde viemos,
regredimos ao feto que um dia fomos,
nutridos pelo útero universal,
até o despertar para o infinito.
A vida é fluxo, é movimento,
a morte, despedida e renascimento.
Viver é uma sucessão de experiências
que nos impulsionam para a morte.
É preciso ceifar o velho para nascer o novo.
A morte é passagem rumo ao desconhecido,
é um portal que precisa ser atravessado,
pois o viço é sugado de quem nele fica retido.
Toda travessia é assustadora,
não sabemos o que iremos encontrar,
ou no que iremos nos tornar.
Despedir do corpo assusta,
por estarmos identificados com ele.
O corpo é apenas uma veste que
nos torna visível no mundo.
Crescer pode ser aterrorizante
se não cremos na eternidade da
vida, e em sua generosa mutação.
Se não confiarmos no sagrado processo,
e no amor de Quem nos criou.
A vida é feita de contínuas mortes.
A dependência dá lugar à autonomia
a ingenuidade, à perspicácia
o egoísmo, à compaixão
a rebeldia, à assertividade
a infantilidade, à maturidade
a ignorância, à sabedoria
o medo, ao amor.
É um percurso que ninguém
nos pode fazer,
mas sempre teremos
mestres no caminho
e talismãs que nos
protegem e nos intuem.
E depois do limiar,
um vasto campo de possibilidades
estará a nosso dispor.
BOM DIA COM POESIA
FONTE D’ÁGUA LUMINOSA
Carlos Bezerra
Passei por uma fonte
que lançava para cima
gotículas brilhantes
de águas límpidas
em evolução serpenteando,
qual corpo de bailarina
numa dança do ventre.
Água Branca espumante
borbulhando incessantemente,
parecia um véu
de noiva
encobrindo um rosto lindo
de alguém na minha mente.
Ao assim imagina-la
deixei escapar de saudade
uma gota de lágrima
que se juntou
com as outras
que jorravam na fonte
que eu admirava.
BOM DIA COM POESIA
AGORA… SÓ SILÊNCIO…
Carlos Bezerra
O silêncio agora se impõe
nas planícies oniricas
dos sentimentos ofendidos.
Mas, oportunidades virão
dos resíduos que restaram
de sonhos
incompreendidos
ou mal interpretados.
É que no íntimo
dos pensamentos fugazes,
as idéias as vezes
confundem
fantasias com
Realidades.
Porém dos insucessos,
para os de corações
Íntegros,
haverão de surgir
novos encantamentos
romanceados,
cheios de harmonia
e felicidade
O silêncio das palavras
Com as mãos e a alma calejadas
E a mente repleta de infinito
O poeta semeia nas estradas
As palavras que calam o seu grito
Pode ser em louvor à sua amada
Ou talvez pela dor de um Ser aflito
Mas durante o labor da caminhada
Vai deixando o caminho mais bonito
Quem caminha ao lado do poeta
Raras vezes irá compreender
Que o semeio não é a sua meta
Nem, ainda, o no esplendor do florescer
A missão de quem planta se completa
Quando os frutos alguém puder colher
Edmilton Torres
BOM DIA COM POESIA
MINHA CEREJA
Carlos Bezerra
Que o frescor da brisa
faça embalar suavemente
a minha flor de cerejeira;
na sua sedosa epiderme
ela reconforte como
bálsamo as ventanias
intempestivas que provoquei.
Com esse conforto
e harmonia
retorne nossos
aconchegos e afetos
envolvidos, desta vez,
de suaves ventos
perfumados.
Que caia agora
a chuva gotejante
que refresca,
fortalece raízes
e rega fertilidade,
impedindo que minha
cereja
derrame lágrimas
de tristeza
junto com sua seiva
amorosa.
O silêncio das palavras
Com as mãos e a alma calejadas
E a mente repleta de infinito
O poeta semeia nas estradas
As palavras que calam o seu grito
Pode ser em louvor à sua amada
Ou talvez pela dor de um Ser aflito
Mas durante o labor da caminhada
Vai deixando o caminho mais bonito
Quem caminha ao lado do poeta
Raras vezes irá compreender
Que o semeio não é a sua meta
Nem, ainda, o no esplendor do florescer
A missão de quem planta se completa
Quando os frutos alguém puder colher
Edmilton Torres
O OUTRO LADO DO ESPELHO
Virgínia Leal
Sim, eu sou tudo que me criticas,
mas o que vês em mim não é meu.
Precisas atravessar o espelho das projeções
para saber quem sou.
Lá me encontrarás por inteiro,
e não apenas o que espelhas em mim.
Aquilo que me criticas e o que sou
também está em ti e em toda a humanidade.
Vive em nós de variadas formas e medidas.
E por mais que tentemos ocultá-lo,
se revela em nossas afinidades.
Sim, eu sou tudo que me criticas
mas não é isso que me define.
Também sou o que não vês
porque não aceitas o divino em ti.
Conheço com detalhes aquilo que me criticas,
e escolhi não alimentá-lo.
Vejo quando o expresso,
e porque é visto perde a força e se dissipa.
Um dia, poderás projetar em mim
o que há de belo em ti
e que por certo também o tenho.
E a intolerância se dissolverá …
INTOLERÂNCIA
(segunda versão)
Virgínia Leal
Para quem não me tolera,
sou o espelho daquele que não se vê.
A miragem do outro em mim refletida.
Sou o pronome na terceira pessoa,
o oráculo sem serventia.
Em mim vês alergias sem afronta,
a discriminação, o preconceito
e tudo que causa indignação.
Sou a divergência, o diferente,
o alvo de críticas,
as frustrações em mira,
o espectro com seus ruídos,
o gatilho, a lente de aumento,
o descuido da vigilância, o ato falho.
Eu, o retrato escondido no porão da rejeição,
o filme em mim projetado,
o inverso do que se pensa ser,
o sempre, o nunca e o jamais.
Essa sou eu, o tabu da revelação.
O proscrito que sou.
Eis a verdade pelo mirado ignorada,
a imagem fosca e distorcida.
Desconhece quem sou por trás do espelho.
Eu sou você, e você sou eu.
Eis a imagem reversa de quem não se atura.
BOM DIA COM POESIA
SONHOS FUGIDIOS
Carlos Bezerra
Enquanto procuras em mim
os teus sonhos,
os meus busca os teus
para um sublime encontro.
Sonhos fugidios eu sei
que vacilam nesse encontro
com os dois hesitantes.
Serão esses os nossos
caminhos, nosso destino;
ou nossos sonhos
serão como as sagas
dos grandes amores,
fadados a corações
partidos, envolvidos
de desilusões.
Talvez ainda haja tempo
de os pássaros voarem
juntos
buscando ninhos aconchegantes
nas teias dos relacionamentos.
E se assim acontecer,
movidos por atrações
esplêndidas,
voarão por céus afaveis
amando-se para sempre
sob lindo teto de estrelas.
O ARRANJADOR DE PALAVRAS
Carlos Bezerra
Como modesto poeta
sou um arranjador de palavras
elas se precipitam das nuvens
quais pingos de chuva
molhando meus
sentimentos.
Ao molhar esse terreno
de emoções que fervilham
meus desejos fertilizam
pensamentos comoventes.
Mas esses pensamentos
sensíveis
só revelo ao vento amigo
que ajuda a secar
os meus olhos umedecidos.
SOMBRA E LUZ
Virgínia Leal
Vivemos num mundo de dualidade: preto e branco, frio e calor, rápido e lento, sombra e luz. Temos a ilusão de que são opostos e inconciliáveis. Esquecemos da gradação que existe entre os polos: para chegar ao branco, o preto se desfaz em vários tons de cinza e o branco o encontra nos vários tons de gelo; o frio busca o calor na escala das temperaturas e o calor se deixa envolver nessa modulação; o rápido diminui o ritmo para alcançar o lento ao mesmo tempo em que o lento apressa seu passo, até encontrarem uma velocidade confortável para os dois; e a sombra encontra-se com a luz no amanhecer e no crepúsculo.
Como seriam nossas vidas se precisássemos escolher uma polaridade? O que seria do artista que trabalha com as variações de sombra e luz? Como apreciar o frio se desconhecêssemos o calor? E o que seria do arco-íris se só focássemos “preto no branco?”
Na natureza não há incompatibilidade, os polos são complementares. E como fazemos parte dela, conviver com alguém que aparentemente está em outro polo é uma questão de escolha e dedicação para encontrar o ponto de equilíbrio, onde é possível o encontro. Olhar o outro através de um caleidoscópio, e ver a beleza da diversidade. Seguir em direção ao encontro, e modular os vários tons de que somos feitos. O mundo seria mais colorido e estaríamos integrados com a natureza em sua unidade.
O AMOR EM SEUS MÚLTIPLOS PRISMAS
Nós, humanos, não conseguimos alcançar o amor em sua dimensão divina. Mas há um anseio consciente ou inconsciente por ele que nos move em sua direção.
Então o amor, para nós, é multifacetado. O amor-querer bem se faz quando se estabelece uma simpatia, algo no outro nos agrada. No amor-amizade, assim como no amor-fraterno, damos um passo a mais, há ajuda mútua, o outro é nosso confidente. O amor maternal e paternal nos ensina a empatia pelo frágil ser sob nossa tutela, e a cuidar, educar, estar presente. O amor filial é o sentimento da personificação em um homem e/ou mulher de uma autoridade superior a nós. O amor devoção é a expressão possível de um humano a uma divindade. E há o amor-paixão, aquele em que o indivíduo transforma o amor em objeto, objeto do desejo.
Nessa dança de expressões, ora o amor é sentimento, que procuramos fora, sem atinar que ele está dentro; e há o amor-amar, o verbo, a ação, mais fácil de visualizar no amor maternal e paternal. Nesse sentido o amor é dedicação, abnegação, perdão, indulgência, tolerância e muito mais.
Mas há um tipo em que amor e amar podem se fundir, é aquele em que duas pessoas procuram uma parceria. O amor então requer além de todos os atributos já mencionados, o interesse no outro, a curiosidade em conhece-lo, a disponibilidade em revelar-se, a cumplicidade, o esforço em conciliar as diferenças, e muito mais. É o amor mais exigente, porque tem muito a oferecer a quem o busca. É a forma mais eficiente de auto desenvolvimento, mas, para isso, é preciso que haja reciprocidade, porque, como diz a sabedoria popular, “uma andorinha só não faz verão”.
Seja qual for o amor que se esteja praticando, é um exercício que nos aproxima do divino que somos, afinal, como diz Lulu Santos, “consideramos justa toda forma de amor”.
O AMOR MULTIFACETADO
Virgínia Leal
Partindo do princípio de que não conseguimos apreender o amor em sua plenitude, transitar através de suas várias expressões é um belo aprendizado. Deus aproveita toda fragmentação que fazemos dele, para nos ajudar a expandi-lo.
Há quem dedique seu amor à natureza em geral, ou particularmente a um animal de estimação, por exemplo. Na primeira manifestação aprendemos o exercício da contemplação, e do reconhecimento da presença de Deus em sua criação. Na segunda, aprendemos a cuidar de um ser que nos dará em troca um amor semelhante ao incondicional.
Aqueles que não conseguem se conectar com o amor pelo próximo, o direciona a uma causa, a uma profissão, a um robby, e outras reverenciam poder e riqueza. Enquanto os primeiros aprendem sobre servir e praticar o prazer, os segundos testam o seu potencial e capacidade de conquista.
Na divisa entre essas primeiras facetas e o sentimento por outro humano está o amor platônico, aquele em que o indivíduo ama o amor idealizado e utópico. É mais um anseio do que uma vivência.
Nas várias modalidades de amor que já falamos, há um aspecto não abordado que são as distorções em forma de possessividade, domínio e submissão, ganhos negativos, agressividade e tantas mais. Aqui o amor está doente.
Sabendo que somos humanos, portanto, imperfeitos, estaremos sempre trazendo ao amor sombra e luz, em gradações diferentes, de acordo com a aplicação do aluno nessa matéria.
O que queremos do amor é propiciar o encontro entre pares. Enquanto a singularidade de que somos atrai o parceiro, ao mesmo tempo é um desafio respeitá-la de um lado, e afirma-la de outro. Assusta o que não podemos entender ou controlar e reagimos negativamente, causando distanciamento. E o medo é o oposto do amor. Paradoxalmente, os dois convivem dentro de nós e se alternam em sua predominância.
Da mesma forma que para haver amor é preciso sentir, para amar é preciso agir. Os dois se complementam e atuam conjuntamente de forma individualizada, de acordo com a gradação de sentimento em cada modalidade. O que se busca é o equilíbrio. Amar é verdade, é amor, é expressão do divino em nós. Se estamos vivos é porque nutrimos o amor, ainda que em formas e intensidades variadas. Entreguemo-nos a ele, então.
POLÍTICA E CIDADANIA
Virgínia Leal
A palavra “política” tem sido aplicada em vários sentidos e contextos, a mais das vezes, no pejorativo. Confesso que não sou estudiosa da ciência política, e por muito tempo me alijei da política partidária, por não acreditar que essa forma humana de atuar pudesse, de fato, cumprir a sua função, que é estar a serviço da comunidade.
Mas isso mudou em mim, quando a política, no sentido mais deletério, vem trazendo, de forma clara e ostensiva, prejuízo ao cidadão e, particularmente, à minha vida. Foi então que busquei observar, de forma isenta, como os atores do cenário atual no nosso país e no mundo vêm atuando, as tendências nocivas à comunidade, e como estar inserida nesse cenário exercendo a cidadania.
Tenho interagido com pessoas que pensam como eu, para compartilhar olhares desapaixonados e, portanto, em busca da verdade e realidade dos fatos, de forma objetiva e apoiada nas provas que se puder colher, num contexto mais amplo. Para mim, o mais eficaz instrumento de escolha de quem queremos que nos represente é o voto.
Mais a política que quero focar é a praticada pelo cidadão. O exercício da cidadania tem um campo amplo, que vai da educação social e coletiva, cujo princípio é o de mover-se dentro da comunidade em respeito ao direito dos outros, a atuar politicamente, ou seja, exercer um papel para promover o bem estar da comunidade. Nesse sentido, a meu ver, podemos exemplificar fazer reciclagem de lixo ou objetos inservíveis, ser síndico de um condomínio, fazer trabalhos voluntários, inseridos ou não numa instituição, tudo isso é política.
Ao aceitar o convite para compor a chapa eleita da Diretoria Executiva de uma Associação de Aposentados, meu foco era exatamente estar a serviço dos associados. E nesse sentido, sinto-me realizada de estar contribuindo para o bem estar dessa comunidade, cujos integrantes são também meus pares. Isso não quer dizer que eu ignore o que está acontecendo fora “das paredes” da instituição em que estou inserida. Mas me desagrada sobremaneira a política de troca de ofensas e acusações, a mais das vezes sem bases objetivas, e exclusivamente alicerçada no “achismo”. Essa é uma política, a meu ver, que não contribui para a alcançar o objetivo da ciência política, é desagregadora, alimenta a insatisfação, e desvia o foco do exercício da cidadania, pois não traz qualquer contribuição para a solução dos problemas e desafios a serem enfrentados. A minha base profissional de bacharela em direito não permite que eu saia da objetividade e relegue os princípios de direito que estudei, e apliquei ao longo de minha vida, e nos quais acredito.
Sim, eu sou um idealista, mas acima de tudo tenho um espírito cristão e acredito no potencial humano de se superar, se organizar politicamente para criar projetos eficazes, em prol da comunidade. E o sucesso da gestão participativa dessa Instituição que integro, na promoção da colaboração e criatividade dos associados, é um exemplo disso. E sou também realista, no sentido de perceber quando o oponente é maior do que eu, e que não conseguirei a vitória batendo de frente. Nesse sentido, rezo diariamente a oração dos alcoólatras anônimos:
“Senhor, me ajude a aceitar aquilo que não posso mudar, a mudar aquilo que posso, e a saber diferenciar uma coisa da outra.”
OS MURAIS DOS APOSENTADOS
Carlos Bezerra
Chegamos ao fim da formação (ou formatação) dos nossos Murais.
É hora de regozijarmos por esse excelente trabalho, que começou sem maiores pretensões e terminou se tornando uma obra de arte e porque não dizer, também abençoada!
A composição desses murais, com fotos de nossos rostos, representou por um bom tempo uma brincadeira agradável, divertida e das mais saudáveis para o isolamento a que fomos forçados; pareceu até aqueles álbuns de figurinhas, preenchidos ao longo do tempo para fechar um time; tendo sido a mobilização dos colegas, para esse fim, um proveitoso passatempo.
Muitos foram os protagonistas desse feito, oriundos do meio dos aposentados e pensionistas da AEAP-PE.
Uns marcantes na execução dos murais, ou seja, os que colocaram as mãos na massa, como o que deu a idéia e os que a aproveitaram e tocaram em frente.
Destes, merecem destaques a Zuleide Alencar, minha colega no CD, que formatou as fotos nos murais, tecnicamente bem produzidos, e a colega escritora e poetisa Virginia Leal, vice-presidente da associação, que com muito afinco e dedicação coordenou os trabalhos.
Ao lado desses voluntários e dedicados colegas, que merecem nossos aplausos, não menos importantes foram os que serviram de matéria prima, o conteúdo dos murais, isto é, os rostos das fotos, sem os quais os murais não existiriam!
Rostos de sorrisos bonitos, alegres e felizes, que contribuíram decisivamente para o conjunto da obra.
Esses rostos que apesar das angustias da pandemia e dos problemas de cada um, com animação e alegria, retrataram, naqueles instantes, um só corpo e alma de uma valorosa categoria.
Fisionomias que nos lembraram bons tempos de convivências laborais, algumas se tornaram boas e duradoras amizades, outras estavam quase esquecidas nas gavetas das nossas memórias, que se abriram agora, na exposição dos murais, atualizando seus semblantes conhecidos de nós e unidos novamente pelo bom destino.
Alguns desses rostos, que talvez não nutrissem simpatias ou empatias com outros colegas, nessa hora se uniram e se irmanaram para darem um brilho e sentido especial de solidariedade às circunstâncias do momento. E, só por isso os murais já valeriam à pena.
Que nossos rostos continuem unidos, saudáveis e esperançosos durante todo o ano de 2021, através dos murais a serem colados ao calendário da AEAP-PE, iniciativa esta que contou com o apoio do nosso Presidente Carlos Alberto.
Como se vê, foi um verdadeiro mutirão para a construção, exposição e repercussão desses belos murais, que ora nos espelham e nos projetam para todo o tempo.
Concluo: Nada acontece por acaso, tudo tem uma razão de ser e os murais ocorreram em boa hora.
Um abraço de apreço a todos os rostos amigos e queridos.
AMOR FRATERNO
Virgínia Leal
Que se produza a grande alquimia do amor fraterno, de respeito mútuo e da paz entre seres. Cika Parolin
Quando penso em amor fraterno, lembro de meus nove irmãos e de como existe entre nós uma agregação espontânea, um compromisso de nos mantermos unidos, que sobrevive às diferenças de ser, de opiniões, de gostos e hábitos. Que mesmo no atrito e quando nos afastamos uns dos outros, temos a certeza de que momento virá do retorno. Que vai amadurecendo com o tempo e a idade, que ameniza os ropantes e quebra as teimosias, e valoriza o que é importante, O AMOR.
A família é a raiz de todo indivíduo, é a base do que somos, não podendo ser relegada sem prejuízo. É nela que nos afirmamos e é dela que extraímos a força para as adversidades. Sabemos que existem famílias disfuncionais e desajustadas que não conseguem um ponto de equilíbrio. A elas o meu respeito e pesar. Ainda assim, é possível encontrar uma forma de estar, se preservando no que for possível.
Mas existe uma outra família necessária e indispensável: a família fraterna. É formada por aqueles que encontramos na estrada da vida e com quem nos conectamos. Esse irmão forjado pelo amor não precisa pensar como nós, viver como nós, ter os mesmos gostos ou hábitos. Assim como os irmãos de sangue, ao se conectarem, buscam a superação dos obstáculos, priorizando o afeto. A união fraterna se forma entre pessoas individualmente ou em grupos. Nos grupos chamamos de pares. Há um ponto de intersecção, um elo que mantém a união. Com o passar do tempo, o que os uniu pode até se dissolver e a amizade permanece. A amizade é algo singelo, cordial, afetuoso, onde há carinho, dedicação, interesse mútuo, abnegação, despojamento, doçura, cumplicidade, compaixão. São atributos que podemos encontrar numa relação fraterna, mas que nem todos conseguem ainda desenvolver. O importante é não criar expectativas, o amor fraterno é despido de cobranças, é aceitação, é se importar, é ouvir, é simplesmente estar para o outro. Mesmo que não se vejam, mesmo que morem longe, sabemos que o amigo está ali para nós, é uma presença virtual.
Conheço alguém que classifica os amigos de acordo com a afinidade: amigo para ir ao cinema ou fazer um lanche, amigo para atividades físicas, amigo para discutir um livro, amigo para desabafar, amigo para rir e assim por diante. Essa pessoa sabe incluir todos com quem se conecta sem exigir o que ele ou ela não podem oferecer.
O importante é saber que temos alguém além da família sanguínea que se importa conosco, com quem podemos contar, com que podemos ser nós mesmos sem sermos julgados. Essa é a essência do amor fraternal. Façamos a nossa alquimia.
BOM DIA COM REFLEXÃO
HOMICIDAS POR HERANÇA GENETICA OU MORAL?
(O que não fazer…e o que fazer)
Carlos Bezerra
O primeiro foi Caim
e outros continuaram
a matar:
batendo
apedrejando
apunhalando
envenenando
crucificando
Enforcando
decapitando
guilhotina do
amputando
fuzilando
despedaçando
esquartejando
empatando
emparedando
massacrando
engaiolado
escravizando
traficando
discriminando
torturando
eletrocutando
gaseificando
queimando
carbonizando
bombardeando
pulverizando
ambicionando
invejando
traindo
roubando
mentindo
apontando
acusando
inquirindo
condenando
colonizando
ideologizando
aterrorizando
explodindo
globalizado.
Infelizmente
tudo perdura
até hoje!
Mas Deus
não fez o homem
para fazer tantas
coisas horríveis!
Ele o fez para:
Amar,
criar
sonhar
construir
embelezar
encantar
sorrir
cantar
alegrar
dançar
florir
caminhar
avançar
evoluir
progredir
melhorar
superar
vibrar
civilizar
doar
ajudar
orar
meditar
e ser feliz
eternamente.
A Grande Batalha
(2004, O Caleidoscópio da Vida)
Virgínia Leal
O conflito aparentemente insuportável é uma prova de retidão de sua vida. Uma vida sem contradição interna ou é apenas meia vida ou é uma vida no Além, destinada apenas aos anjos. Mas Deus gosta mais dos seres humanos do que dos anjos. Jung
Nas várias atividades cotidianas, procuramos estar sempre prontos para encontrar saídas e soluções em questões que exigem de nós discernimento. Quando os desafios estão no campo afetivo, entretanto, nem sempre nos sentimos habilitados para enfrentá-los.
Não percebemos que a grande batalha é travada dentro de nós, quando a mente quer assumir o comando e dissociar-se da alma. Esquecemos que não somos o que pensamos, e ignoramos as mensagens do nosso Ser, que não aceita ser aprisionado.
O ruído dos pensamentos interfere na expressão da alma, causa emoções perturbadoras e sinalizam o erro da conduta. Então, nos sentimos perdidos, confusos, angustiados.
Como restaurar o equilíbrio, restabelecer o silêncio, para ouvir a voz interior? Quem já passou por essa experiência sabe do que estou falando. Por um instante, a iluminação chega, para logo em seguida ser afastada pelas trevas dos pensamentos descontrolados.
Não queremos mergulhar na escuridão das sombras, por medo de não saber mais encontrar o caminho de volta à luz. Esquecemos que para chegar à luz precisamos atravessar o escuro. A desconexão com o Eu verdadeiro nos deixa à deriva, ao sabor de pensamentos e emoções contraditórias, que não se comunicam, não entram em harmonia, consomem toda energia e leva-nos à exaustão, tanto física quanto psicológica e emocional.
Não há muito o que fazer, a não ser viver o processo e procurar toda a ajuda possível para atravessar a crise, em busca de clareza. Sermos amorosos com a experiência, com todas as partes que não queremos ver ou acolher. Exercitar o desapego das crenças que não mais nos servem e facilitar o seu processo de morte ou transmutação. O resto é tarefa do tempo, e a paciência nos dará a perseverança no Caminho, por saber que após a noite, por mais escura que seja, sempre haverá um novo dia.
BOM DIA COM REFLEXÃO
QUANDO NÃO AGIR (Ou reagir)
Carlos Bezerra
Quero esclarecer que não sou a favor da inércia, do imobilismo e, muito menos da omissão; não, o título indica “quando” não agir.
Tenho consciência.que a vida é movimento, é ação, mesmo a pedra bruta tem os átomos que a formam movimentos vertiginosos e dinamicos (invisíveis para nós) até um dia se desgastar totalmente, isso após milhões de anos, como pedra!
Não seria eu, frágil e efêmero corpo e mente, me tornar uma adepto da condição abominável de paralisia, contrária a natureza normal das coisas.
Esclarecido esse ponto, volto ao que interessa.
Quem não se lembra, como cristão, a posição de passividade de Jesus diante das indagações de Herodes e Pilatos, seus verdadeiros algozes. Quantas vezes Jesus usou o sábio silêncio de não responder, consequentemente não agir, as perguntas impertinentes a sua condição de Filho de Deus!
Pouquíssimas situações ele reagiu durante seu martírio e as perguntas que lhe fizeram, lembrando-me agora apenas uma sobre seus exércitos e ele respondeu a Pilatos: “Eles não são desse mundo, se o fossem me defenderiam”, ou coisa mais ou menos assim!
Jesus já conhecia o seu destino, então porque ficaria a responder ou ficaria a perder tempo com perguntas capciosas dos que “não sabem o que fazem”?
Ele tinha consciência da certeza de sua missão aqui na Terra, porque então dialogar com “pedras insensíveis”?
Sem querer me comparar com Jesus, as vezes também ajo assim, frente a tantos blá, blá, blá…que nos circundam no cotidiano, e que só fazem alimentar e adoecer pessoas.
Para mim é suficiente o que é sério e importante e que já desgasta normalmente o corpo e a nossa mente ao longo do tempo.
Mas respeito quem pensa diferente e contínuo no encantamento da poesia.
Por que te Amo?
Quem me traz de volta do labirinto onde flutuo? Quem não desiste de mim quando, intragável, sou dedo em riste e avalanche de adjetivos? Que me faz rir com o canto de tenor desafinado?
Quem me serve lanche e lambuzados beijos, nas minhas obstinadas preocupações? Quem me leva pra cama, enlaçada, sem espaço para um sopro?
Quem me quebra as teimosias, sustenta a rotina de lembrar-me que esqueço de mim? E que me faz humana em teus destemperos?
Com quem contracenaria a farsa de saber respostas e para tudo ter opinião? Com que me preocuparia, não fosse teu jeito desorganizado, a ensinar-me a ser genuinamente eu?
Por que te Amo?
Por não desistires de ser tu, quando quero que sejas eu.
Porque o amor é meu, resolvi te dar, e tu decidistes querer.
Virgínia Leal – www.poemasleal.blogspot.com
CAUSOS – EDMILTON TORRES
Lembro de um tempo, trabalhando no interior, que tínhamos que transmitir o ROD por telefone, pois o malote não chegava em Recife a tempo de processar. Era um estresse danado para fechar no movimento até o horário limite.
Edmilton Torres
CAUSOS – JOÃO CRISÓSTOMO
Certo dia, por dever de ofício, tive que dar a notícia da rescisão contratual de trabalho de uma senhora, nossa colega lotada numa agência do interior.
Após os trâmites formais daquela triste empreitada, ela muito séria, com os olhos esbugalhados e sem meias conversas falou:
“Seu João, a minha vida acabou. Vou agorinha subir naquela ponte do Capibaribe dar um pulo no rio e nunca mais volto pra minha terra”.
Decidida como se mostrava, levantou-se da cadeira e, antes que saísse da sala, corri e fechei a porta.
Imediatamente acionei nosso colega Roberto Simões (o famoso Bareta), chefe do Setor de Segurança, para que levasse aquela senhora até a a rodoviária e aguardasse até constatar a sua partida no ônibus com destino a sua cidade.
Prontamente Roberto nós atendeu e ao regressar, confirmou o cumprimento da sua missão.
Até hoje não tive notícias se a quase suicida chegou a consumar aquele seu intento porém, como diz o velho ditado, foi melhor prevenir do que remediar o seria irremediável.
Fato triste e, a juízo de cada um, pitoresco.
João Crisóstomo
Tinha um caixa Av Guararapes, que nao vou dizer o nome, porque ele era super gente fina.
Falei era porque eh passado.
Quando o cliente dizia que queria “dinheiro pegado ” ele entregava o dinheiro grampeado, pra zoar com o cliente.
Dinheiro pegado seria o cliente pedir R$ 50,00
e receber uma nota de R$ 50,00 e não 5 de 10,00. Se ele nao tivesse o dinheiro pegado, ele grampeava as 5 notas de 10,00. Imagina um caixa fazendo isso hoje, ia dar a maior confusão.
Ele também, subia no sentido literal da palavra, em cima das normas, aqueles TOMO azul, quando um gerente queria fazer uma coisa não muito certa,
ai ele dizia, só faço o que tiver “em cima das normas”. Mas ele não era uma pessoa grosseira, ele queria o visto do gerente.
Mais da Guararapes:
O famoso GRAVATINHA, não trabalhava só na Ag Guararapes.
Eu trabalhava no quinto andar do prédio e diziam que ele andava por lá, e que era um antigo, funcionário, põe antigo nisso, sem paletó mas que não abandonava a gravata borboleta.
Tinha já morrido mas continuava trabalhando à noite.
A chefe da folha de pagamento, Lourdinha, sabia de tudo. Me espantou muito essa estória nós anos 70.
Engraçado é que ninguém sabia o nome dele. Era Gravatinha.
Ninguém queria ficar pra fechar a porta com medo dele.
Acho que ele ainda anda por lá. João Crisóstomo.
CAUSOS – ERIVÂNIA BARBOSA
Fui caixa da CAIXA durante quase 13 anos, como aguentei? Bem! Um certo dia atendi uma senhorinha de seus sessenta e cinco e poucos mais anos, quando me solicitou que fizesse um depósito de 300 reais em sua conta poupança, onde me entregou 3 cédulas de 100 reais, o fiz prontamente e entreguei-lhe o comprovante. Passados uns 3 meses, ela retorna a agência e não quer ser atendida por nenhum outro caixa, alegando que fui eu quem guardou o dinheiro dela na gaveta. Resolvido impasse, atendi-a. Dirigiu-se a mim falando: vim buscar aqueles 300 reais que pedi pra você guardar, eu não lembrava, óbvio, mas fiz aquela simpatia. Pois não! Me de o número de sua conta, ela prontamente me apresentou o recibo de depósito, não tinha cartão, fiz a guia de retirada, confirmei o valor com ela, autentiquei e a surpresa! Abri a gaveta peguei 6 botas de 50 reais e entreguei a ela. Ela retrucou imediatamente e disse NÃO! O que te mandei guardar foram 3 notas de cem !! ACREDITEM!!!
Causos da CAIXA! Erivânia
CAUSOS – Virgínia Leal
O ambiente de trabalho na Agência Guararapes era muito bom, muita descontração e alegria. Eu era uma de muitos novatos que se integravam aos mais antigos. Na bateria de caixas, ao final do dia, acontecida de tudo: um miava, outro latia, Nivaldo Alvim invariavelmente dizia: “minha casa varrida, meus pratos lavados, sai de mim, mal excomungado” e quando o caixa “batia”, ele cantava: “mais uma vez, obrigado Senhor”… Valdomiro passava o dia dizendo: “tomara que chegue de tarde”, depois, “tomara que chegue de noite”.
Eu trabalhava junto à Ednaldo Torres, que era (ou ainda é?) um gaiato. Eu costumava trabalhar descalça, e um dia o Superintendente João Paulo veio fazer uma visita e se aproximou da bateria de caixas. Eu procurei os sapatos, só achei um. Advinha quem escondeu o outro? Outra vez, ele começou a elogiar a sua careca, e eu disse: “essa careca azeda?” Ele olhou para mim, mas estava com um cheque na mão para pagar e ia pedir à cliente para endossá-lo, misturou as coisas e disse: “por favor, cheire aqui.”
A mulher olhou para ele sem entender. Ele ficou com os olhos vermelhos, a lágrima desceu, para conter o riso, enquanto eu corria para dentro da Agência me acaband0 de rir. Vingança maldita! rsss
Alvim me livrou de um mico
Primeira vez que usava o bandejão, no restaurante da Caixa, 11o andar da Guararapes
Derrubei a comida toda na minha roupa. Encabulada, corri para o banheiro, e Alvim comprou um vestido pra mim, não sei como ele soube qual era o número
Outras lembranças
Aquilino, quando ia copiar as impressões digitais do cliente, ele mandava ele prender a respiração, enquanto ele passava o rolo de tinta nos dedos dele
E Ilma, quando o cliente queria se alterar, dizia que tinha um botão que ligava uma filmadora
Um dia, Quando fechei o caixa, estava faltando uma quantia grande. Salatiel, que era sensitivo, me disse que não me preocupasse porque quem ficou com o dinheiro vai devolver quando perceber o engano. No outro dia, assim que abriu a Agência, uma senhora idosa veio me devolver pedindo mil desculpas, que não tinha contado. Virgínia
CAUSOS – JOSÉ VINÍCIUS BEZERRA
Vou falar outro fato ocorrido na Secção Contábil de Consignações, esse foi com o nosso colega Edward, também já falecido. Olho para secção e vejo o nosso colega sentado em frente a máquina de datilografia, só olhando pro teclado, passa o tempo a mesma coisa, fiz algo e passei por junto dele e sou chamado: “Vinícius, não deixa Murilo ver, mas, onde é o Y dessa máquina”? Comecei a rir. A máquina era Underwood.
Vinicius Bezerra
Estávamos (eu e Humberto) colocando a relação de pagamentos das consignações dos servidores do Estado para serem classificadas, um ficava com a relação e o outro com o fichário de c/c, à medida que ia sendo chamado o nome a c/c era colocado na mesa, quando um nome era chamado e não estava no fichário colocava-se em seu lugar o papel com o nome e o valor da prestação pra depois procurarmos. Terminamos de colocar a relação em ordem, fomos procurar as c/c faltosas. Passado um determinado tempo encontrei todas as que estavam procurando, e, Humberto faltava uma e eu só vendo Humberto abrir e fechar gavetas de arquivo e nada, meia hora depois chega Humberto irritado, suado com o pedaço de papel na mão com o nome do estava faltando e diz”sacudo a toalha”, esse tal de Bel não existe, peguei o papel estava escrito “Bel Telga Galba de Araújo. Comecei a rir, aí foi que ele ficou brabo. Bel abreviatura de bacharel, ele pensando que o nome do consignante.
Vinicius Bezerra
Segundo Samuel, o Humberto quando veio de Sertania, mais precisamente da Fazenda Coruja, foi transportado dentro de um engradado, que foi aberto em frente à Caixa da Av. Guararapes e passou três dias amarrado pela cintura em um daqueles pilares, para ir se habituando com o povo.
Vinicius Bezerra
Karlos Richibbister, era o Presidente da Caixa e numa visita que ele fez a Filial, o Gerente Geral a época Urbano de Miranda, organizou um jantar em homenagem ao Presidente. Jantar esse, que, foi realizado no Restaurante Expedito da Carne de Sol onde era servida comidas regionais e o carro chefe logicamente a carne de sol. Tudo ia bem no jantar quando de repente Arsênio Borges e Lobão se estranham, entra a turma do deixa disso e o jantar terminou em paz. No dia seguinte, surgiu um cordel de autoria de Antônio de Pádua, Chefe do Jurídico da CEF/PE. “O JANTAR DO PREDIDENTE” – O jantar do Presidente/ Foi um fiasco danado/ Pois Lobão embriagado/ E Arsênio muito quente/ Foram as tapas de repente/ Causando confusão/ Urbano levantando a mão/ Separa os dois na hora/ Dizendo Nossa Senhora/ Que merda De Lobão. Vinicius
Causos
Vinícius
Ele (Lubambo) fez um jantar de confraternização de fim de ano no restaurante da AIP que ficava no terraço do Ed. Inalmar. A bebida rolou a granel, lá pelas 1:00 h, quando se ver, está Lubambo junto ao parapeito do terraço com uma pilha de pratos, atirando como fazendo disco voador com os mesmos.
Vinicius
Causos
Karlos Richibbister, era o Presidente da Caixa e numa visita que ele fez a Filial, o Gerente Geral a época Urbano de Miranda, organizou um jantar em homenagem ao Presidente. Jantar esse, que, foi realizado no Restaurante Expedito da Carne de Sol onde era servida comidas regionais e o carro chefe logicamente a carne de sol. Tudo ia bem no jantar quando de repente Arsênio Borges e Lobão se estranham, entra a turma do deixa disso e o jantar terminou em paz. No dia seguinte, surgiu um cordel de autoria de Antônio de Pádua, Chefe do Jurídico da CEF/PE. “O JANTAR DO PREDIDENTE” – O jantar do Presidente/ Foi um fiasco danado/ Pois Lobão embriagado/ E Arsênio muito quente/ Foram as tapas de repente/ Causando confusão/ Urbano levantando a mão/ Separa os dois na hora/ Dizendo Nossa Senhora/ Que merda De Lobão. Vinicius
Cada região tem a sua linguagem pra determinadas coisas. No Ceará, bode tem um significado que corresponde aqueles dias de incômodo que a mulher tem todo mês. João Paulo Moury Fernandes, era o Gerente Geral daquela Filial, e, foi acionado pelo Gerente Financeiro sobre os atrasos do BOD da Ag. Central de lá. Ele prontamente dirigiriu-se aquela Agência, cujo Gerente era uma mulher. Em lá chegando, aproximou-se da Gerente e perguntou: Dona Fulana, o que está havendo com seu BOD? Nossa colega quase que desmaia, pois estava naqueles dias.
Alguém já viu diferença de caixa no extra caixa? Na Agência de Limoeiro, houve essa ocorrência.
CAUSOS Kátia Maria Gonçalves
Eu trabalhando como tesoureira até tarde naquele subsolo da Ag Av Guararspes, não vi, mas ouvi alguns fantasmas trabalhando, onde não tinha ninguém humano, ali aparecia muitos fantasmas.
Lembro perfeita que tínhamos um espaço chamado aquário, sala hiper fria, pois eu percebi que tinha alguém dentro, e eu tinha acabado de fechar a sala.
Ainda tem outros eventos com fantasmas.
Nesta sala o fantasma estava se balançando numa cadeira de balaço, com aquele peculiar barulho de alguém se balançando.
Ainda sobre o Amor
Virgínia Leal
A fome de amor é muito mais difícil de remover do que fome por pão. Madre Tereza de Calcutá
Alguns se arvoram em elaborar conceitos e exemplificar situações, como se o amor pudesse ser apreendido pela pobreza das palavras. Outros, mais prudentes, dissertam sobre o que não é amor ou amar. Outros emprestam tais termos na concepção holística do amor incondicional, para esconder nas supostas ações altruísticas sua incapacidade de vivenciar intimidade.
Eu, por minha vez, digo que não sei o que é amor, mas estou a cada dia em busca dele. Enquanto não consigo apreendê-lo, procuro experimentá-lo em suas mais diversas dimensões.
Nesta busca, deixo que os sentimentos aflorem e os vivo, na profundidade que sou capaz de viver, e nestes momentos sou muito grata ao universo por poder compartilhar.
Espero que um dia seja livre o bastante de censura para dar vazão aos sentimentos, sensações e pensamentos, permitindo me aproximar, cada vez mais, do tão falado amor.
Causos Virgínia Leal
Reza a lenda que Sonia Barata foi procurar Cocó no apto dele e foi recebida pela empregada, a quem ela perguntou por ele, ela disse que ele estava no velório. Aí ela perguntou: “que velório?” E a empregada respondeu: “no dele”
Dizem que Sônia quase cai dura 😳🤔😂
Causos
Trabalhei na Contabilidade de Habitação e Hipotecas e a Chefe Rosa Rocha estava de Férias ! Erasmo ( O Sapo ) não queria assumir por ser o mais antigo então o Pericles assumiu . Naquela época , todo final de mês ficávamos todos aguardando as FADs ( Fichas de Agrupamentos de Documentos ) chegarem de todas as agências , inclusive as do interior . Normalmente ficávamos esperando até 4, 5 horas da manhã e em seguida íamos para casa tomar um banho , trocar de roupa e voltar para bater o ponto até as 8 horas . Num desses dias , eu saí às 6:00 da manhã e me atrasei , só consegui chegar de volta às 8:30! Pericles cortou meu Ponto e colocou Falta ! Vinicius era o Gerente Financeiro e eu fui explicar o ocorrido. Vinicius me pediu o Cartão de Ponto , Considerou a Presença do dia e me mandou para casa descansar . NAQUELE TEMPO NÃO TINHA A JORNADA DE 6 HORAS AINDA ! Mas todos davam o suor e o sangue pela CEF !
Houve um tempo em que as Agências eram Obrigadas a enviarem no mesmo dia pelo Malote o ROD ( Relatorio de Operações Diárias além do BOD ( Boletim de Operações Diárias ) . Certo dia , houve uma diferença que quase amanhecemos O dia na Agência Recife para encontrar a diferença . Quando o Maloteiro chegou , o nosso inesquecível Evilasio Severino Alves ( Gerente de Núcleo _ Subgerente na Época ) foi comunicar o fato ao Gerente Geral , o Folclórico e inesquecível Alexandre Goes . Naquela sua calma , Alexandre disse a Evilasio : “ Manda o ROD e o BOD de ontem . Ninguém vai conferir isso mesmo !” A partir desse dia , virou uma constante : Todas às vezes que havia uma diferença difícil de achar mandávamos o ROD e o BOD do dia anterior ! E o pior é que nunca ninguém reclamou ! Kkkkkkk!
[04:39, 21/06/2020] Virgínia Barbosa Leal: Fernando Tavares
Causos.
Lembro ainda na Ag. Guararapes, na bateria de caixas, quando o gerente mandou que fossem atualizados todos os endereços (que trabalhão).
Um belo dia perguntei a uma cliente, pessoa humilde, o endereço do seu domicílio, prontamente ela me disse, “moço, eu não conheço nenhuma pessoa com esse nome”.
Ednaldo Torres
CAUSO
João, eu tenho uma história com você. Sou do concurso de 81 mas só em 84 é que fui chamada para fazer exames médicos e tinha que esperar a portaria que estava demorando muito. Então toda semana eu ligava pra vc pra saber se tinha chegado a portaria. Um dia eu liguei e vc me disse que havia chegado. Então eu feliz da vida disse que ia trocar de roupa e ia pra aí. Aí vc disse que não precisa trocar de roupa, venha assim mesmo.
Thelma Arruda
Porque é Bom Estar Apaixonado
Virgínia Leal
O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. Fernando Pessoa.
Quem já se apaixonou sabe como é a sensação. Você não dorme, come ou se concentra, só pensa no objeto da paixão, o tempo todo. A vida é vista por uma lente colorida , tudo é maravilhoso e nos deslumbra. Você rejuvenesce, fica mais bonita, mais atraente.
Há quem diga que a paixão é uma ilusão. E daí? Se essa ilusão nos faz uma pessoa melhor? Na verdade, quando estamos apaixonados revelamos nossa criança interior, o lado criativo, ampliamos a percepção para o belo, para o prazer, ficamos generosos, inspirados. A questão é: por que não conseguimos estar nesse lugar quando não estamos apaixonados? Por que precisamos projetar o que temos de bom em algo fora de nós? Quem sabe não seja a vocação para o aprendizado da convivência?
A paixão quase sempre importa num jogo de veladas expectativas. Muitas vezes damos pistas do que queremos, revelando, nas entrelinhas, que o outro será rejeitado se não corresponder à projeção que fazemos. E então cobramos intimidade, que o parceiro se revele para que possamos conhecê-lo, mas ambos sabemos que não é isso que queremos. Vê-lo como é traz sério risco à paixão, porque nos frustramos, ficamos magoados, Des-iludidos.
É possível aflorar a paixão e com ela aptidões e talentos que vemos no outro e que gostaríamos de ter. Talvez esse seja o conceito romântico de “se completar”. Procuramos fora o que não queremos buscar dentro.
É um momento muito rico estar apaixonado, especialmente se consciente de que ele é apenas um reflexo nosso. Ao entendermos isso, não há motivo para ressentimentos e sim gratidão àquele que serviu de espelho, por ser nossa fonte de inspiração. A paixão pode até ser perene se nos mantivermos curiosos do outro.
Talvez seja por isso que para alguns a paixão se transforma em amor. Aqueles que conseguem a sua inteireza a partir de sua projeção, sabem conviver com as diferenças. E amar o outro, apesar das afinidades. Quem sabe esta seja uma pista para entendermos o que seja “ser parte do todo”.
Mesmo que não resulte em amor, a paixão é sempre a mola que nos impulsiona para a vida, e quem nunca de apaixonou, é como lagarta que nunca saiu do casulo.
Comunicação
Virgínia Leal
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você ….” A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. E fala só é bonita quando ela nasce de duma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na escuta que ele termina. Rubem Alves
Comunicar-se é uma arte que exige sutileza, habilidade e sensibilidade. É uma tarefa tão complexa que se tornou ciência. Para os animais não há qualquer dificuldade, quando um cachorro grunhe para o outro, deixa clara sua insatisfação e o motivo dela. Nós, humanos, temos um conjunto sofisticado de códigos de interação, que exige não apenas uma leitura, mas uma interpretação. Expressamo-nos pela linguagem corporal, pelo olhar, pelo movimento facial, pela palavra, pelo tom ou altura da voz, e até pelo silêncio.
Nem sempre somos coerentes ao dar sinais de comunicação. Às vezes dizemos algo que não reflete o conjunto de outros sinais que emitimos. Quando não conseguimos entender o que estamos sentindo, isto é projetado na interação com o outro, deixando-o, muitas vezes, confuso. Outras vezes queremos ocultar o sentimento e a contradição é exposta.
Comunicar-se tem por finalidade fazer-se entender. É uma arte que poucos conseguem desempenhar com destreza. Há pessoas muito habilidosas em perceber as expectativas alheias, e manipulam palavras para obtenção de efeitos e resultados planejados. Outras, despreparadas no exercício da expressão, sentem-se inadequadas e inseguras e recolhem-se na máscara protetora da indiferença ou da timidez. Há, ainda, aquelas que falam o que lhe vêm à cabeça, causando impactos e reações imprevisíveis nas pessoas.
Grande parte dos conflitos é gerada pelo conhecido “ruído de comunicação”. Isto porque nesta arte não há elemento passivo, pois o receptor acolhe os sinais codificados e utiliza-se dos recursos de descodificação por ele conhecidos, de sorte que a mensagem é decifrada de forma singular. E nessa tradução entram valores, experiências de vida, traumas, esperanças e anseios, enfim, componentes subjetivos que interferem na clareza da comunicação. Não se sabe como o receptor vai receber o que está sendo transmitido, a mesma mensagem dada pelo mesmo emissor pode ser lida de forma diversa por diferentes receptores. Não há garantias de que seremos compreendidos.
Ao conhecermos uma pessoa, queremos entender suas características, personalidade e forma de ser. Sentimo-nos desconfortáveis diante de pessoas que não se mostram, porque não sabemos como devemos nos relacionar com ela. Entretanto, é justamente a avaliação que fazemos do outro que cria desentendimentos, pois criamos falsas expectativas de como ele vai se comportar e de como devemos agir para sermos compreendidos. Perdemos, assim, a espontaneidade.
Há uma linha divisória tênue que dosa a comunicação saudável da destrutiva. Nem sempre expressar-se bem é falar demais, assim como o silêncio pode não ser omissão e ser interpretado como indiferença ou agressão. Neste exercício observa-se que a emoção, quando não educada, pode comprometer, corroer ou até destruir qualquer tentativa de entendimento. Agir movido pela emoção desequilibrada, pelo impulso, frequentemente acarreta supervalorização de uma situação ou episódio, que é visto a partir de uma outra experiência passada desagradável. Por outro lado, há quem procure sempre agir raci0nalmente, esquecendo que o mental dissociado do sentimento pode trazer soluções estéreis para uma boa convivência, porque estão impregnadas de ideias pré concebidas inseridas na construção de nossa história de vida.
Sermos coerentes e verdadeiros pode ser o primeiro passo para uma comunicação bem sucedida. Quando estamos em harmonia e integrados em todas os aspectos transmitimos confiança para as pessoas, e o entendimento flui suavemente. É o conflito interno que nos desconecta de quem somos e, em decorrência, do outro.
Quando padrões de comportamento e pensamento viciados se tornam conflitantes, não podemos perceber nossa forma de ver as coisas e nem as divergências internas, mas se isolar não é uma boa solução.
Em qualquer situação, é preciso deixar que a razão interaja com o coração, esse é um caminho promissor do entendimento tanto de si mesmo quanto do outro. Compaixão, paciência e amor são ingredientes de uma bem sucedida comunicação.
Escolhas
Virgínia Leal
O grande poder do ser humano está na sua capacidade de tomar decisões. Carlos Castañeda
A vida é feita de escolhas. Escolhemos a alegria ou a tristeza, ofendermo-nos ou compreender, perdoar ou odiar, apreciar a chuva ou reclamar do dia nublado, chorar ou sorrir, viver ou morrer.
A escolha consciente nos liberta, pois temos a verdade como escudo, a coragem como lança, o amor como guia, e a compreensão como bandeira.
Qualquer escolha que façamos sempre atrairá um aprendizado. O importante não é acertar, mas optar por um caminho ou direção, tomar decisões, ter as rédeas do destino. A escolha consciente, entretanto, permitirá avaliar o próprio poder de discernimento e a capacidade de julgamento e percepção da realidade.
Optar importa em respeitar a preferência do outro, deixar pessoas para trás, ser deixado a reboque, novas pessoas no caminho. A deliberação traz uma visão clara do caminho escolhido, permite usufruir o melhor que ele pode ofertar, sem olhar para trás, sem lamentar o que teve que renunciar, liberar o que não mais compartilha. Sabemos dos ônus e bônus. Quando não decidimos, a vida faz por nós, pois a omissão é também uma escolha.
Fazer opções é saber que não estamos ao sabor dos ventos ou das circunstâncias, que podemos fazer nossa própria tempestade e também trazer a brisa suave do encanto de estar vivo, pleno, verdadeiro, inteiro e presente. Pois sabemos que, a cada dia, temos o poder de fazer outras escolhas e eleger novos critérios.
ESPERANÇA E PACIÊNCIA
Virgínia Leal
Paciência é uma planta que produz doces frutos. Charles Swindoll
Esperança sem paciência é igual a semente sem solo fértil, é como colher a fruta antes de amadurecer. Paciência sem esperança nos torna apáticos, é apenas um exercício sem sentido.
Enquanto a esperança nos mantém perseverantes, apesar dos obstáculos, a paciência permite que o tempo faça o seu trabalho.
Esperança não é uma fantasia que alimentamos para ter motivo de acordar todas as manhãs. É a confiança na sabedoria do fluxo da vida, é um ato de fé. Paciência não é só esperar, porque implica em movimento em direção ao que desejamos. É permitirmos o amadurecimento das experiências, dia após dia.
Esperança não é sonhar, ainda que o sonho seja o veículo do qual ela o combustível. É sabermos que o sonho é possível. A paciência possibilita a sinalização do caminho, a ampliação de horizontes, nos impulsiona. A esperança nos mantém motivados, apesar dos obstáculos.
Esperança e paciência são importantes nos momentos de dificuldade, quando não temos mais força, perdemos o rumo ou estamos desnorteados. Porque seja o que for que estejamos passando, entendemos que vai passar.
Ninguém fala delas quando o caminho se abre fácil e tudo flui com tranquilidade. Não, elas são invocadas sempre que precisamos lembrar de que nada é definitivo, permanente ou fixo.
A paciência ajuda a mantermo-nos firmes, ultrapassarmos dificuldades, vencermos desafios, e a esperança nos dará a coragem para prosseguir.
Ter paciência com nossas dores, limitações, equívocos e erros abre as portas para a esperança de superá-los, em busca da alegria de viver.
Esperança não é nos manter obstinadamente num propósito, mas permitir que as mudanças necessárias aconteçam, no acolhimento da paciência, sabendo que a vida está sempre certa.
Esperança com paciência é a fórmula mágica da plenitude, e sempre que quisermos e tivermos coragem de nelas mergulhar, encontraremos a pérola mais rara e rica que irá nos manter na nossa jornada, em busca da felicidade.
A Tirania da Vítima
Virgínia Leal
Ouvi, certa vez, um apresentador de programa reprovar a atitude de algumas mulheres que insultam seus maridos. Fiquei reflexiva, pois nunca havia pensado na violência doméstica sob esse ângulo. Lembrei de um ditado popular que diz que mulher gosta de apanhar, então pude perceber o poder da vítima.
Muitas são as formas distorcidas de exercer o poder. O motorista de caminhão e de ônibus, impondo-se sob os veículos menores. O mecânico, eletricista e encanador, ao aproveitar-se da inexperiência dos usuários, notadamente mulheres. A recepcionista de médico, na preferência do atendimento. Quanto mais se sentirem desvalorizados, mais exercerão sua tirania. A da vítima, entretanto, é invisível e devastadora. Só o agressor a percebe. Essas pessoas – e não são poucas – estimulam no outro o que ele tem de pior, para mantê-lo como refém. Por que a vítima mantém o agressor como refém? Porque ao agredir, seja física, seja moralmente, o agressor se condena por ter perdido o controle e a paciência, e sente-se culpado. E passa a fazer de tudo para compensar a vítima.
Esse é um assunto delicado, não estou falando daqueles que têm um desvio de caráter ou patologia psíquica, que só se sentem bem diminuindo o outro, e para isso vai da tortura psicológica à agressão física. Estamos falando das pessoas comuns, aquelas que perdem a cabeça diante de uma provocação.
Ouvi um homem dizer que não bate na mulher, mas em seu atrevimento. Longe de defender tal pensamento, percebo que a vítima tem um ganho significativo em estar nesse lugar: solidariedade, compaixão, indulgência e atenção. Ainda que na maioria das vezes inconsciente, usa a inteligência para manipular. Conhece bem a natureza humana e acessa com facilidade a chave do impulso agressivo do seu alvo. Crianças fazem isso muito bem, em especial com mães que trabalham fora e sentem-se culpadas pela sua ausência. Aquelas bem sucedidas vão requintando seu talento para a tirania, até atingir a maestria na idade adulta. Empregados processam patrões, esposas processam maridos, filhos processam pais.
Tirania muito mais sutil e eficiente é a do caridoso. A mãe abnegada que não deixa os filhos compensá-la pelos cuidados, por mais que se esforcem. O amigo disponível, que não aceita ajuda. Esses são tiranos de sua falsa bondade, em busca de poder. O beneficiado tem uma dívida de gratidão que nunca pode pagar.
A vítima é responsável, não apenas por ter provocado a agressão, mas por tirar proveito do remorso do agressor. Ao exercer essa forma distorcida de poder, distancia-se do seu desejo mais profundo e genuíno, embora quase sempre inconsciente, de receber amor.
Agressor e vítima usam esses papeis como defesa, o primeiro na ilusão de que ao agir assim não se deixará abater diante de um mundo, a seu ver, cruel, escondem a dor na agressividade. A vítima tem dificuldade de confronto, e usa a manipulação para conseguir o que quer. Ouvi uma idosa me dizer que consegue tudo do marido, fazendo ele acreditar que a ideia do que ela quer partiu dele.
O interessante é que se observamos nossa conduta, vamos ver que, guardadas as devidas proporções, nos alternamos nesses papeis de acordo com a ocasião. Isso nos revela que não existem agressores nem vítimas, são apenas defesas que equivocadamente usamos, ora para nos sentirmos poderosos, ora para obter amor. Tudo que acontece em nossas vidas é resultado de nossa construção, e precisamos assumir a responsabilidade por essas escolhas, e para isso é preciso tomar consciência delas, perceber o fio condutor que nos levou àquele lugar.
O verdadeiro poder é a capacidade que temos para nos conectar com a Sabedoria Divina, a revelar-nos que no caminho da tolerância das falhas humanas não existem vítimas ou agressores, mas aprendizes sujeitos a erros de julgamento.
QUALIDADE DE VIDA E A CURA DE A CRIANÇA INTERIOR
Virgínia Leal
O que tem a ver qualidade de vida com as experiências que tivemos na infância? De que forma elas interferem, até hoje, em nossas atitudes, pensamentos e sentimentos? Tem tudo a ver. A criança não tem pensamentos e sentimentos elaborados, e só registra duas sensações: a de dor e a de prazer. A criança é capaz da entrega plena ao prazer. Ao observar uma criança, percebe-se isso.
Por que, então, deixamos de viver essa plenitude ao nos tornarmos adultos?
Há um momento, em geral na primeira infância, em que a criança sente uma dor profunda. Ela se sente abandonada e/ou desprotegida pela figura materna ou paterna, ou por ambos. Isso não quer dizer que de fato o abandono ou a desproteção tenha acontecido; como foi dito, os sentimentos e pensamentos infantis são ainda muito rudimentares. Se aconteceu ou não, não é relevante: para ela, a experiência foi real.
Quando a criança se sente ferida, ela constrói um mecanismo de proteção para que possa sobreviver emocionalmente. Esse mecanismo não pensa, só reage. Ele é feito de instintos e emoções e sobrevive na fase adulta, no aspecto imaturo das emoções.
É preciso não julgar essa parte imatura de nosso Ser, se queremos conhece-la. Todos nós temos uma. É preciso entender que a criança precisou dessa defesa para sobreviver, contudo é possível o adulto abrir mão dela.
É preciso dar segurança a essa criança interna que foi relegada, porque acreditamos que no mundo adulto não há lugar para ela. Ela ainda vive dentro de nós, cristalizada no momento em que se sentiu impotente. E como não a olhamos e ela quer ser vista, muitas vezes ela é nossa voz e nossas atitudes, expressadas através dessa defesa.
Toda vez que reagimos a uma situação que se assemelha ao vivido pela nossa criança ferida, é ela quem nos comanda. Não estamos interagindo com o presente, reagimos ao passado. Acontece que não temos consciência disso, e tudo que vive no inconsciente cresce e nos domina.
E o que fazer para evitar sermos dominados por essa voz imatura?
É preciso conhecer essa parte nossa tão escondida de nós mesmos. Ela quer ser vista, validada, acolhida, cuidada e amada.
Como fazemos isso?
Ao observar nossas reações e atitudes que nos causam mal estar, desconforto, constrangimento; quando nos sentimos inadequados, vítimas de pessoas ou situações; quando nos defendemos, culpando o mundo ou as pessoas por nossa infelicidade; quando projetarmos no outro o que não queremos ver em nós. Em todos esses casos, é a consciência imatura que fala mais alto e tolhe o nosso discernimento.
É preciso ajudar essa parte nossa a crescer. Ela precisa de limites, e limites é amor. Converse com sua criança ferida. Dê a ela colo. Sempre que ela se sentir ameaçada, mostre que você está presente, que vai protegê-la. Agora, precisamos ser o pai e a mãe dela. Permita que ela se expresse com sua alegria e espontaneidade. Dê a ela momentos de prazer. Pergunte com frequência o que ela gostaria de fazer e viva com ela esses momentos. Integre-se com ela. Dê a ela as boas vindas, a essa aventura que é a bela jornada à procura de quem somos.
E você deve estar se perguntando: O que isso tem a ver com qualidade de vida?
Qualidade de vida não é ter uma família perfeita, saúde perfeita, a casa e o carro perfeitos, a remuneração que gostaríamos de ter. Isso não é possível porque é da essência da humanidade, nessa fase da evolução, a imperfeição. Muita gente acredita que tem isso e não é feliz.
Qualidade vida é aceitarmo-nos do jeito que somos, com nossa sabedoria e nossa imaturidade. Sim, o ser humano é contraditório, vivemos na dualidade. Somos feitos de sombra e luz, amor e medo, alegria e tristeza. E é preciso a integração de tudo que somos, porque sem ela não é possível o crescimento de nossa consciência imatura. É preciso que ela possa se desenvolver sem perder a alegria, a inocência e a espontaneidade.
Qualidade de vida é procurar construir diariamente momentos de prazer, tirar o melhor proveito do que a vida nos oferece hoje, tanto de bom quanto de ruim. E saber lidar com o que não nos agrada. Porque o que temos hoje é resultado de nossa construção de vida. Sem a ajuda da nossa criança interna não teremos qualidade de vida.
É preciso ser realista, sem deixar de sonhar, porque o sonho é o primeiro passo para transformar a realidade que não queremos. É o momento mágico da criação.
Estamos aqui para sermos felizes, e a felicidade propicia qualidade de vida, independentemente das dificuldades e desafios de toda ordem que possam existir em nossas vidas.
E para sermos felizes, precisamos ajudar nossa criança ferida a crescer, e dessa forma sermos maduros emocionalmente, único caminho para assumirmos a responsabilidade por nossas vidas, e construirmos, de forma consciente, uma realidade melhor.
SEGREDOS
Virgínia Leal
Não existem segredos. De uma forma ou de outra, o que está oculto é adivinhado. E o que era alfinete vira torpedo.
Não gosto de segredos. Sinto-me vulnerável diante deles, pressinto omissão. Preencho lacunas, sondo entrelinhas, examino a ponta do iceberg. Procuro por motivos, faço conjeturas, tiro conclusões.
A necessidade de clareza me impulsiona a desvendar mistérios, decifrar enigmas. Teorias me atraem, porque trazem respostas e elas me levam a outras perguntas, abrindo-se, assim, sucessivas portas.
O conhecimento não pode ser privilégio de alguns eleitos, por isso não aceito sonegação, por mais bem intencionados estejam aqueles que o fazem a título de “não jogarem pérolas aos porcos” ou por julgarem estar poupando perturbação ou sofrimento.
Se a Verdade liberta, aquele que tem acesso à fonte e a oculta, mantém no cativeiro da ignorância seu semelhante.
Não tenho pretensão de ter respostas. Compartilho minhas inquietações e os caminhos que escolhi no vale de experiências, seja no plano físico, emocional ou espiritual. Não tenho compromisso com o engessamento de ideias. O que afirmo são frutos de percepções em um determinado momento de aprendizado.
Jogo sementes que pude colher, na esperança que algumas germinem, flores espalhem o pólen nas mentes e frutos alimentem corações de boa vontade. Espero que desse solo fértil outras sementes me cheguem, pois a riqueza da flora está na diversidade.
Discernimento
Quanto mais desejamos algo, mais dele nos distanciamos.
Num primeiro momento, pode parecer absurda a afirmação acima. Afinal, o desejo faz com que a vontade se manifeste na ação.
Se a meta é passar no vestibular, planeja-se o estudo de forma a cobrir todo o programa. Para comprar casa, elabora-se orçamento, redução de gastos, avalia-se possibilidade de empréstimo. Se a pretensão é reduzir peso, busca-se ajuda médica, adota-se dieta alimentar, exercícios físicos.
Parece tudo muito simples. E por que, muitas vezes, morre-se na praia? Quando a vitória parecia assegurada, algo acontece e arruína os planos?
Não é uma pergunta fácil de responder. O que se percebe é que a mesma força que nos tira da inércia pode destruir sonhos, ou fazer com que virem pesadelos.
O estado de confusão gerado pela obstinada busca do que queremos, a qualquer preço, impede que se veja, com clareza, a realidade.
Quando se aproxima a hora de concretizar os planos, somos dominados pelo medo de que não se realizem, dificultando a análise criteriosa dos fatos. Entramos numa corrente de pressão interna, sem confiar no fluxo da vida.
O estado de paixão se transforma em destrutividade sempre que adotamos atitude ingênua diante dos desafios da vida, enquanto seguimos regras de forma mecânica, e o desejo transforma-se em apego exacerbado. E esse apego faz com que não percebamos que estamos ignorando os sinais de que aquela não é a melhor alternativa. Mesmo quando não é o caso, esquecemos de nossos limites, de uma análise criteriosa do rumo, do tempo necessário para tudo.
Diante do fracasso, é preciso analisar se não estamos superdimensionando as expectativas, se não precisamos mudar o foco, ou se desprezamos alternativas viáveis e até mais satisfatórias.
Agir com discernimento é confiar no trabalho necessário à realização, aceitando a possibilidade de não conseguirmos o que desejamos, mas que Deus sempre nos dará o que necessitamos, é permitir que o tempo e a fé sejam os instrumentos eficazes para a construção da felicidade.
INTUIÇÃO
Virgínia Leal
Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio e a verdade me é revelada. Albert Einstein
Não há informação mais verdadeira e poderosa do que a intuição. Ela abre o canal de acesso à sabedoria interior e revela conhecimentos provenientes da alma, na vasta biblioteca da vida.
A grande dificuldade em lidar com ela é assimilar o que está sendo transmitido, da forma mais genuína possível. Precisamos que a mente traduza a percepção, e corremos o risco de impregnar a fonte com nossas crenças, ideias pré-concebidas e preconceitos. Queremos preencher as lacunas, que a percepção faça sentido segundo nosso entendimento do que é certo, correto, aceitável e tolerável. Aí deturpamos a mensagem, nos distanciando da verdade.
Às vezes, a percepção vem clara, mas a rejeitamos ou a ignoramos por não ser a resposta que queremos.
Acolher a intuição importa em não fazer nenhum julgamento do que nos é revelado, para que a cortina de fumaça sobre ela seja dissipada, e cada vez mais possamos ouvir com mais clareza o que está sendo transmitido.
Para que isso ocorra, não devemos negar nossas sombras, tendências e inclinações, nossos medos, mas permitir amorosamente que se exponham, que venham à tona, para conhecê-las sem julgamento, pois só assim poderemos ver o que está oculto, e entender como elas nos afetam, e que nossas ações e reações, muitas vezes, são comandadas por elas.
A intuição é um sinal de alarme, é a alma tentando nos mostrar algo que nosso ego desconhece, algo que precisamos entender, aceitar ou viver. Ela se manifesta da forma mais inesperada, quando estamos descontraídos. Quando não lhe damos ouvido, ou não a aceitamos ou não a entendemos, distanciamo-nos de nosso caminho espiritual, dificultamos o aprendizado, perdemos o equilíbrio e isso é refletido no campo emocional, no comportamento e na convivência com os outros.
Confiar na intuição é estar em perfeita harmonia com nosso mestre interior, no Divino em nós, confiando em sua condução, por mais estranho, absurdo e assustador que, no primeiro momento, possa parecer.
Deus só dá asas a quem sabe voar, e neste vôo devemos conquistar a habilidade de transitarmos em nossa jornada com sabedoria, para que não percamos a oportunidade de ver do alto a beleza que a vida nos descortina.
A CRISE
Virgínia Leal
Ela manifesta-se de várias formas. São sintomas diversos, muitos sem diagnóstico. Prejuízos financeiros decorrentes de sucessivos assaltos ou acidentes de trânsito. Perda de emprego, desentendimentos familiares, divórcios.
O conflito provocado pelo antagonismo entre a força da mudança e a estagnação gera a crise. Ela adverte para que olhemos o que precisa ser mudado. A negação do sentimento gerado pelo conflito é encoberto por outros sentimentos e sensações, dificultando, cada vez mais, a identificação do problema.
Em última análise, a crise é o resultado de nossa rebeldia à lei do progresso. Por negarmos nossa face divina, o sentimento de culpa decorrente atrai autopunição. Alguns aproveitam a crise como impulso para sair da estagnação, outros sentem-se confortáveis no lugar de vítima. Permanecer na crise, contudo, pode trazer colapso físico e emocional, podendo mesmo levar à morte.
Somos responsáveis pelo que criamos, como é nossa responsabilidade transformarmos o caos em harmonia. É preciso compromisso com o propósito de crescimento pessoal para superar os obstáculos que criamos, determinação para dar mais um passo em direção à luz e perseverança para manter-se nesse lugar. Quem caminha com a verdade ode evitar os efeitos negativos da crise, ao permitir o contato com a emoção gerada pela resistência ao processo de mudança. Ao permanecer no Caminho Sagrado, poderá então apreciar a bela paisagem por ele criada.
A Arte de Escrever
Virgínia Leal
Muito se fala sobre a busca romântica da alma gêmea, todos querem ser compreendidos. Aqueles que acham isso impossível recolhem-se ao casulo e muitos procuram, como consolo, a companhia de bichos de estimação. Certo está quem já compreendeu a própria solidão. Não existe uma única pessoa que funcione da mesma forma que outra, que pense e sinta do mesmo jeito. Por isso, é até possível encontrar empatia; compreensão plena, não.
O escritor traduz a angústia de ser singular. Ponte que liga as ilhas humanas, descreve, interpreta e simula o comportamento.
Andarilho que percebe a permanente bruma da estrada, escreve o livro da vida com a tinta das experiências, sem se deixar seduzir por dias magníficos de sol, nem desanimar com o nublado do céu.
Do homem comum extrai o barro em que esculpe personagens e protagonistas, cujas vozes são ouvidas no exílio íntimo e amenizam o desconforto que a limitação das palavras traz.
RELIGIOSIDADE
Virgínia Leal
Há somente uma religião: a religião do Amor. Há somente uma casta: a casta da humanidade. Há somente uma linguagem: a linguagem do coração. Há somente um Deus, e Ele é onipresente. Todas as religiões são caminhos diferentes que conduzem a destinos idênticos. Todos os devotos deveriam entender esta verdade e viver de acordo com ela. Sathya Sai Baba.
Todo ser humano tem, dentro de si, uma voz que clama por algo que transcende o fazer cotidiano. Vez por outra, por mais materialista que se seja, uma inquietação inexplicável domina a mente e o coração, uma insatisfação com a vida que se leva, algo pede mudança e exige que se pare para refletir.
Alguns chamam esses momentos de crise existencial; outros, de depressão; outros, ainda, de falta com que se ocupar, recomendando lavar uma trouxa de roupa, que passa.
A religiosidade ou o sentido de Deus permeia as nossas mais íntimas aspirações. O homem intui que há algo a ser buscado, a ser revelado, que explique ou dê sentido às eternas questões que a ciência ainda não conseguiu explicar, tais como: de onde vim, para onde vou, e o que estou fazendo aqui.
Várias são as doutrinas religiosas ou filosóficas a estudar, conceituar e explicar esses questionamentos. Todas com conteúdo moral, orientando o ser humano na busca de si mesmo e a melhor relacionar-se com o outro.
Penso que a vida, com sua característica dinâmica e impermanente, não pode ser orientada por uma doutrina, cujos preceitos e diretrizes são imutáveis.
O que me leva a assim pensar é o fato das pessoas adotarem determinada religião, entretanto complementarem sua busca espiritual com outras filosofias e religiões.
O verdadeiro ensinamento conduz o homem ao constante aprendizado, está sempre o incentivando à observação, a buscar respostas dentro de si, a evoluir em todas as dimensões. Observo que a lição, que assim preconiza, encontra-se em todas as doutrinas filosóficas e religiosas, invariavelmente. O que diverge entre os pensadores são informações acessórias, complementares que, para mim, servem de norte, de auxiliadora e aplico-as conforme a situação com a qual me defronto no dia-a-dia.
Por isso, não vejo incompatibilidade em nenhum ensinamento religioso ou filosófico, percebendo, em cada um deles, uma parte da realidade, o conjunto formando o todo. Lamento, portanto, que as diferenças gerem divergências, desentendimentos e crises nos relacionamentos humanos.
Incorporo todo ensinamento baseado na experiência e que ajude as pessoas a serem melhores, tendo a percepção de que, cada vez que minha consciência se ampliar, poderei sintetizá-lo, simplificá-lo e melhor aplicá-lo em meu benefício. Dinâmico, assim como a vida.
Afabilidade e Doçura
Virgínia Leal
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”
Chico Xavier
Diz a sabedoria popular que “quem perde a calma, perde a razão”. Algumas vezes, no calor da emoção, nos excedemos, perdemos o foco da questão, e tomamos atitudes impulsivas. Esquecemos da bem aventurança que recomenda sermos mansos e pacíficos.
Não se deve, entretanto, confundir afabilidade e doçura com a atitude decorrente do exercício das convenções sociais, de normas de etiqueta, que impõem o verniz da educação e dos bons hábitos, pois, mesmo sendo necessária para a boa convivência, podem ser recursos para ocultar as intenções inconfessáveis de manipulação e poder.
Por outro lado, indulgência, tolerância, compaixão e paciência não são sinônimas de omissão. Os primeiros atributos falam da conduta respeitosa que devemos ter diante de um momento de destempero, de desequilíbrio. A última, ou seja, a omissão, é reprovável, porque importa em não fazer ou dizer aquilo que moralmente seria exigível. Muitas vezes, nos omitimos por covardia do enfrentamento, por medo de rejeição, valorizando em demasia o apreço do outro, em desrespeito à nossa dignidade, numa verdadeira violência ao nosso Ser Interior, em prejuízo da auto estima.
É preciso sabedoria e experiência para manter o equilíbrio entre falar e calar.
A afabilidade nasce do coração desprovido de orgulho e das suscetibilidades próprias do orgulho e do amor-próprio ferido.
Importante percebermos que ninguém está isento de ceder a um momento de impaciência e irritação, e relevar atitudes desarmonizadas em favor da boa convivência é a atitude que se espera daqueles que nos amam. Entretanto, a falta de cuidado constante no trato com nossos entes queridos constrói um muro de mágoas e ressentimentos, destruindo o amor.
Exercitar o desapego de interesses, convicções e ideias é um desafio. Aceitar que os outros também tenham suas necessidades, percepções, pontos de vista e desejos é uma arte. Conciliar propósitos, respeitar bens, ideias, lares e personalidade dos outros, a partir do respeito que temos a nós mesmos, estabelecendo fronteiras para preservação do nosso Ser Interior atrairá o comportamento doce e afável tão almejado.
Separando O Que Você Faz do Que Você É
Virgínia Leal
Trinta anos à serviço da mesma empresa e chega a conhecida crise de identidade. De um lado, o sonho da aposentadoria, o prêmio por tantos anos de contribuição laborativa; de outro, o medo de não mais pertencer a um grupo, a uma comunidade, do desconhecido e do isolamento.
Quando somos jovens, estamos plenos de motivação e esperança, ansiosos pelo primeiro chefe, os colegas de trabalho, os projetos para futuro. Percorremos nosso trajeto, satisfeitos com os desafios enfrentados, o aprendizado, as experiências. Lidamos com realizações e frustrações. Com o tempo, as preocupações profissionais se refletem na família. Precisamos mudar de direção, de estratégias, de metas. Crescemos, nós e a empresa, aprendendo com os erros, motivando-se com os acertos.
Nessa etapa da vida, queremos expandir território, o céu é o limite. Com o tempo, deixamo-nos encantar pela gaiola de ouro, nela fazemos ninho, sentimo-nos protegidos. Identificamo-nos com o que fazemos e esquecemos de quem somos. Então constatamos que não conhecemos mais os prazeres da liberdade, por anos de confinamento voluntário. É o preço que paga quem se deixa domesticar.
Aos poucos, a percepção vai se ampliando, e pudemos ver o quanto das experiências vividas no trabalho aguçaram nossa perspicácia, modelaram nosso caráter. Percebemos a riqueza que foi acompanhar, ao longo de três décadas, as mudanças de uma grande empresa. Dever cumprido, é hora de fechar o ciclo. Sentiremos falta de todos os momentos que compartilhamos com colegas de trabalho, chefes e clientes.
Agora podemos descobrir o que queremos fazer, o que de verdade gostamos, somos senhores e senhoras de nosso tempo. Desfrutar do ócio sem culpa, porque conquistamos esse direito. Vamos encontrar uma nova forma de viver, de agir, de nos relacionar, pelo que somos e não mais pelo que podemos oferecer na cadeia produtiva. Podemos, então, priorizar a família e os amigos.
É hora de separar o que fazemos do que somos. De adentrarmos em novas aventuras, de ingressar nos mistérios da vida e do prazer, de desbravar outros territórios, em busca da identidade perdida.
DESCOMPLICANDO A VIDA
Carlos Bezerra
Porque tanta fumaça se
incomoda e sufoca;
porque tanto barulho
que impede ouvir canções que
alegram;
porque sujar rios e mares
se são vitais ao homem;
porque criar obstáculos
às pessoas, se os caminhos são
para ser livres;
Porque destruir florestas e matas,
se são as molduras das cidades;
porque os maus tratos aos animais,
nossos parceiros na natureza;
porque a cara antipática se o
sorriso desarma tristezas;
porque ceder ao desalento se a
alegria é para todos;
porque dizer não quando se pode
consentir;
porque os olhares embaçados e
perdidos,
quando foram feitos para brilharem;
porque a inimizade se o melhor é o
gesto amigo;
porque não dividir para evitar a
escassez;
porque complicar se descomplicar
é mais produtivo.
Por tantos empecilhos trazidos à
vida, urge despoluir ambientes e as
mentes,
para descomplicar a vida
e ela fluir alegremente.
O INCONSCIENTE
Carlos Bezerra
Ele vive no nosso ser
De maneira invisível
Está em nossa mente
Nas sombras escondido
Desde que nascemos.
É um fantasma ou gênese do nosso
passado desconhecido?
Ou, o não eu se impondo que
desperta de repente?
Será que se trata de um sonho
querendo ser algo concretamente,
Ou, quem sabe!
A nossa verdadeira consciência, o inconsciente.
Cuida de Mim
Virgínia Leal
À criança que existe em todos nós
Sou uma criança carente
De carinho, sem pudor
De afago e abraço quente
Que só deseja o amor
Criança rebelde eu sou
Que não aceita um não
Quem sem afago não vou
Quero especial atenção
Sou uma criança vibrante
Que quer aprender a amar
Por isso sempre falante
Do que sinto transbordar
Dengosa é essa criança
Por muitos eu fui mimada
Ao ver o sucesso do outro
De inveja fico amuada
Sou uma criança alegre
Que gosta de fantasia
Em busca de quem celebre
Momentos de euforia
Criança birrenta é meu jeito
Não aceito desaforo
Quanto não esperneio
Falo, grito, dou o troco
Sou uma criança triste
Quando não dão o que quero
Ponho o dedo em riste
Pelo momento não espero
Criança curiosa e afoita
Em busca de aventura
Imaginação corre solta
Disciplina é uma tortura
Tão aberto seu coração
Em todos ela acredita
Sofre de incompreensão
Cai sempre em armadilha
Essa criança por certo
Precisa de educação
Para que em retrocesso
Não vida só de ilusão
Pois o crescer pede
O auxílio da temperança
Para que em cada adulto
Sobreviva uma criança
Um soneto antigo
Reminiscências de uma despedida
Edmilton Torres
Quando o brilho do sol vai declinando
E assim escurecendo os caminhos
Os pássaros retornam aos seus ninhos
É mais um dia que vai terminando
A tarde pouco a pouco silencia
Vai sumindo o gorjeio dos pardais
Findando a sinfonia dos beirais
Ficando no meu peito a nostalgia
A saudade que ainda é dolorida
Faz jorrar uma lágrima tardia
Reminiscências de uma despedida
De alguém que para sempre partia
Marcando para sempre a minha vida
Cenário que revejo a cada dia
AUTENTICIDADE
Virgínia Leal
O barro tintura os pés
Leva também solução
É pote que faz comida
Tijolo de construção.
Água corrente pura
denso lodo atravessa
Irriga terra dura
Fertiliza depressa.
Se deseja bem viver
Em ser autêntico insista
Lute por coerente ser
Com tudo que acredita.
SONHOS COM FÉ
Carlos Bezerra
Sejas confiante
que os sonhos não desaparecem,
eles estão fluindo sempre
nos pensamentos esperançosos,
guardados na mente
como aquela bela história de amor
que nunca é esquecida.
Não renuncie dos sonhos
mesmo pelos vendavais atingidos
porque, pela força da paixão,
ressurgirão nos corações dos bons
e os anseios sinceros dos quem
têm fé, como Jô perante Deus se realizam!
Essencial
Virgínia Leal
Trago mensagem do vento.
Fala do colorido das flores,
do frescor da fonte,
do perfume da fruta,
do sabor da manhã.
Levo à lua o lamento das árvores.
Ouço a memória das pedras,
o trançado do tempo.
Sinto cheiro de estrelas.
Na quietude do silêncio,
repouso.
INSEGUROS SÃO TODOS CAMINHOS
Carlos Bezerra
Não fique atrelado ao acaso
bom e crédulo companheiro,
corra atrás dos ventos promissores
e avance nas trilhas íngremes,
para atingir os planos mais altos.
Evolução só transpondo obstáculos,
inseguros são todos os caminhos
vale a pena percorre-los ao invés de evita-los .
Conhecer novos caminhos
é abrir possibilidades e avançar
em outras veredas é descobrir coisas formidáveis.
CAMPO DA FARTURA
Virgínia Leal
A vida é assombro contínuo, uma contínua bifurcação do labirinto. Jorge Luís Borges
Quando a estrada estiver difícil,
e, cansado, pensar em desistir,
pondere que na próxima curva
pode estar o oásis que tanto busca.
Portanto, de suas vestes bata a poeira,
levante do solo que lhe abrigou o desespero,
e, no seu ritmo, prossiga a viagem com determinação.
Para encontrar o Campo da Fartura,
que a todos acolhe,
esteja no Caminho,
acesse o portal da Sabedoria Divina
e lembre quem você É.
AURORAS E FOLGUEDOS
Carlos Bezerra
Passa o tempo, corre as horas,
só não passam as carências na minha alma.
São os brilhos das auroras e dos folguedos de autora, ora distantes mas tão presentes na memória.
Imagens hoje quase opacas,mas que já foram bem claras e pujantes
em alegres rodas que um dia me embalaram.
Elas insistem em voltar
e querem vir em revoadas, atraídas para o meu agora, que está triste,
vazio e isolado nessa turbulência perturbadora.
Peço um favor ao tempo
que afugente as agruras do medo
para eu reviver meus folguedos e
viver novas auroras.
Manto azul
Virgínia Leal
O sol adormece sobre o cansaço do dia
Na penumbra das horas a vida repousa
e as trevas cumprem seu destino
No encontro da noite com o dia
a lua entrega ao sol sinistros miasmas
em cíclico ritual de cremação
As últimas lágrimas de orvalho
derramam-se sobre as folhas
umedecem a terra
acordam a semente
A aurora recolhe o véu
que esconde a pálida manhã
e agasalha o novo dia
com seu manto azul
SINFONIA CELESTIAL
Carlos Bezerra
Meu olhar numa noite clara se
deparou com o brilho da lua, que estava bonita e sedutora.
Tão encantadora se exibia, que me inspirou a cantar, o que logo o fiz
entoando canções para ela.
As estrelas no firmamento, tocadas pelo meu canto,
luziram mais intensamente,
associando-se ao meu cântico
num coro de hinos e sentimentos.
Envolvidos por esses sons siderais,
naquele momento de encantamento,
compomos uma sinfonia
celestial
que vibrou todo universo
com melodias de amor e paz
Maria José Moreira
É preciso saber pousar, como é preciso saber dar passos pra frente. É preciso saber perdoar da mesma forma que é preciso saber se redimir pelos erros cometidos. É preciso saber dos seus anseios mas é fundanental e de grande importância saber agradecer pelos seus ganhos. Por isso Meu Deus , obrigada por tudo🙏Tenhamos um dia abençoado 🙌
Graça Carvalho
Você
Amargo é o sorriso.
Velado é o pranto.
Quando busco a inspiração
E não a encontro a encontro…
A noite na varanda
Olho as estrêlas no céu reluzindo…
Parece que estão sorrindo
Vendo-me insistindo em busca da inspiração desejada…
O dia amanhece
LINDO!!!
O mar com a chegada do sol
Passa o dia inteiro brilhando e cantando…
A tarde chega com cara de despedida…
Mas como as estrelas o mar, e o sol
Não me traz a inspiração desejada…
Você sabe por que?
Porque minha inspiração é você!!!
FÊNIX
Virgínia Leal
Julgas enganar-me?
Meu olho não é desse mundo
Penetra em fosso profundo
E decifra o imponderável.
Acreditas envolver-me?
Aguda é minha voz
Escudo contra algoz
É acorde, é sinfonia.
Pensas que me dominas?
Deixo que te exponhas
Para que tuas façanhas
Dê a sentença de morte.
Crês na minha derrota?
Sob vergônteas repouso
Do fogo à cinza é colosso
desponta o vôo certeiro.
Erivânia Nóbrega
Hoje será melhor!
mesmo tão igual a ontem?
Que hoje seja melhor!
Qualquer lugar é um bom lugar
Qualquer dia é um bom dia
As horas passam vadias
Mesmo eu tendo tantos planos
Elas passam e eu me engano, contando os dias …
Que dia é hoje?
Que horas são?
Nasceu o sol é dia
O sol se pôs é noite
Tudo igual todo dia
Horas tardias
Dias que me roubam
Se doam
Dia após dia
Hoje é melhor!
Será meu dia?
O que temos pra hoje?
Ontem eu ganhei
perdi mais um dia
E era tudo que eu sabia!
Que o sol viria e que iria
Eu sou hoje:
Escritora
Poeta
Cantora
Pintora
… tudo por um dia!!!
O Caleidoscópio da Vida
Virgínia Leal
No reflexo da imagem
Não atino mensagem
O encontro é miragem
Pois em tal paragem
Não posso me reconhecer
Na noite de minha sanha
Luto pela façanha
De te tirar da entranha
Sem contido arrastar tamanha
Parte do seu Ser
No caleidoscópio da vida
Somos pedaços de vidro
Do mosaico do mundo
Tu lutas bravamente
Em mim envolto, qual serpente
No fascínio da presa
Pois no reduto da mente
Não existe represa
Na arte de observa
Posso teu rosto tocar
E ver do que necessitas
Não são promessas vãs
Mas doces verdades ditas
No caleidoscópio da vida
Somos pedaços de vidro
Do mosaico do mundo
Então não há mais por que
Eu te expulsar do meu ser
Pois podes nele viver
Sem máscaras te envolver
Ou nelas eu me esconder
Ao perceber o momento
Acolho no colo o rebento
Que precisa tanto de alento
Do afago, da compreensão
Dos olhos, dos braços, da mão
No caleidoscópio da vida
Somos pedaços de vidro
Do mosaico do mundo
E o vento espalha as cores
Que transformam as dores
Em arco-íris de amores
Jardins repletos de flores
No mar do silêncio profundo
Edmilton Torres
Uma glosa do meu poema “Proversos” – A explicação em versos de cordel dos principais provérbios populares:
Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca termine
Nada na vida é eterno
Vai-se o sorriso e a dor
Cai o espinho e a flor
Passa verão e inverno
O antigo foi moderno
A vida assim se define
Não há o que se imagine
Que para sempre perdure
Não há bem que sempre dure
Nem mal que nunca termine
EU SOU IMPERMANENTE
Carlos Bezerra
Sou como a vida é
eu sou impermanente,
hoje sou convicção
amanhã hesitação.
Hoje sou luz do sol
amanhã dia nublado
depois sol outra vez.
A vida me faz furta cor,
agora sou verde esperança
logo mais azul sereno
adiante branco da paz
em algum momento
vermelho ardente.
Entre minhas intenções
vou temperando a vida,
as vezes sou doce
outras vezes amargo
ora sou sal ora insosso.
A despeito dessas ossilacoes
tenham de mim uma certeza,
eu sou sincero, sou autêntico.
LUAR
Carlos Bezerra
Estou preocupado com
que fazem com a Terra,
são desmatamentos,
poluição do ar, dos rios, dos mares e degelos polares.
São desastres que ameaçam o planeta,
mudando suas cores verdes para de cinzas
desoladas.
Situação que me entristece ao ver a Terra
agonizando,
pelos males que vem
sofrendo.
Diante desse quadro
triste,
só resta eu admirar o
luar
que espelha seu clarão
no mar
tornando-o belo e prateado em noites
enluaradas.
Com a Terra assim em
agonia e
tudo isso acontecendo
faço aqui o meu protesto,
porém, enquanto a lua
brilhar bonita
desse luar vou fazendo
poesia.
Tear
Virgínia Leal
Sou de um tempo sem dias
Venho de um lugar sem chão
Costume e roupa não havia
Palavra era embrião.
Lembro de um instante
Hora de tudo criado
Em que bastava existir
Para se sentir amado.
Pensar não era preciso
De onde hoje regresso
Em cada semblante inscrito
Havia todo o universo.
Volto e, de lá, não saí
Afinal, quem sou recordo
Percebo então que viver
É apenas estar a bordo.
ENCONTRANDO UM AMOR
Por: Carlos Alberto Melo
Voltei a ter um alguém para pensar
Apenas à noite, à tarde e pela manhã,
Todo momento com ela quero estar
Minha jornada na vida já não é vã.
Posso parar a minha grande odisséia,
Achei uma mulher que alegra meu viver,
Ela é meu paraíso, enfim é minha Céa!
A luz que veio minha vida acender.
Já não caminho tão solto e sozinho,
Tenho alguém que me passou um laço.
Foi um laço de mensagem de carinho.
Me encantou e amei seguir seu passo.
Agora, é única a nossa bela jornada,
Que pela Misericórdia seja abençoada!
AMANHÃ
Evandro Vasconcelos
A minha alma pergunta
Que esperas do amanhã?
Meu espírito responde
Eu tenho amanhã?
Certamente o pouco
Que me resta de tempo
Este o meu amanhã.
Fazer o que com
Tão pouco tempo?
Claramente não sei.
Esse tempo é tão pouco
Os projetos tão grandes
Sei que vou te deixar
Bem antes do que quero
Meu tempo é curto.
Por isso te peço
Vamos viver
Nossos momentos
Com intensidade.
Para que os instantes
Vividos juntos sejam
Eternos em nossas vidas.
O carinho que nos une
Seja algema que nos
prende
Enquanto vivos
Na intensidade do amor
Tão demorado e
No espaço perdido.
PALAVRAS, IMAGENS E SONS.
Carlos Bezerra
Habitam. na minha mente palavras, imagens e sons.
Com elas vivo e busco minhas aspirações.
Com palavras faço versos sobre poemas sensíveis,
tal como faz o escultor com o cinzel a sua obra.
Com as imagens é diferente,
a natureza é a que mais me atrai
com as suas belas paisagens
e as espécimes que as adornam,
como os pássaros, as flores, o luar, as cachoeiras,
que sempre me enternecem.
Todavia, vêm dos sons
as minhas melhores emoções,
através das músicas e bonitas canções,
que alegram e me deslumbram,
trazendo-me vôos arrebatadores
de sensações inigualáveis.
E com essas emoções
que habitam minha mente,
consigo elevar o meu espírito
para vibrações de amor a Deus,
a vida e aos sonhos que me deleitam.
Três Sentidos
Virgínia Leal
Houve um tempo em que o toque foi proibido.
O olhar percorria ilimitadas distâncias,
mas não se podia sentir o cheiro uns dos outros.
A voz ecoava por todo o planeta,
mas carecia de proximidade, de presença.
Os ouvidos eram antenas que tudo capturavam,
mas o contato físico era uma vaga lembrança.
Só tínhamos três sentidos nesse tempo,
e através deles, construiu-se um elo, um sentido:
Voltou-se o olhar para o belo, o que encanta, o aprendizado.
Sintonizou-se a escuta na compaixão e no amor.
A fala adestrada emanava leveza, suavidade e doçura.
Os sentidos adormecidos lembravam
os sentidos por um tempo perdidos:
O sentido de Ser Humano
O sentido de estar aqui
O sentido das experiências
O sentido das relações
O sentido da convivência
O sentido da dor
O sentido da vida.
Dois sentidos esquecidos
revelaram o valor de ser inteiro,
o sentido da interação
de todos os sentidos.
E que só o amor faz sentido.
SAMAMBAIA
Carlos Bezerra
SAMAMBAIA
de longas transas verdes,
enfeitas como nenhuma outra planta
o meu singelo jardim.
Nesse dia claro de verão
e no vai e vem da brisa
admiro suas belas folhas
compridas e verdejantes
bailando alegres para mim.
Samabaia.
Por sua exibição graciosa
agradeço-lhe feliz agora
por bailar só para meus olhos.
Trajeto
Virgínia Leal
E, neste dia verde,
percorro campo de girassóis.
Visto-me de alegria, chuto água das poças,
pulo amarelinha, rodopio bambolê;
levanto vôo, empino o arco íris;
salto sobre estrelas, pulverizo coro de pássaros.
Deslizo no túnel dos sonhos
e acordo entre nuvens de algodão.
Luciola Maria Alves de Souza
Quero molhar os pés nas ondas quebrando no final da tarde.
Quero estar livre novamente, para assistir um por de sol com a alma cheia de sentimentos mais leves.
Quero voltar pra casa, e saber que amanhã, e depois, e depois ainda, se eu quiser e puder, posso me fartar de ondas e de por de sol.
VIVER OU MORRER
Evandro Vasconcelos
Mais um dia acaba
Mais um ano se vai.
Estou cansado e velho.
Sabe, é triste envelhecer…
Quando perdemos
A juventude,
O que nos resta?
Pensa que é sabedoria?
E nisso encontra
Motivo de viver?
Penso que é
Ausência de afeto,
De compreensão dos
Limites impostos
Pela idade avançada.
E, assim, meu motivo
É morrer.
MORTE INDESEJADA
Carlos Bezerra
Amigo Evandro,
seu poema sobre sua vida,
foi muito triste conhecer
falaste coisas de morte
quando se apelam pela vida agora.
Entendo a sua grande perda,
realmente dolorosa, mas não deixe
o fato hoje lhe cortejar para a morte.
A morte é muito feia, escabrosa, indecorosa;
é um gesto anti Cristo
e iria ofende-lo se você
a ela se entregasse.
Você faz belas poesias
e não é tempo de despreza-las.
Dê uma chance para você,
seus parentes e amigos a continuar contigo.
Jesus lhe agradece se você não decepciona-lo
e seus amigos mais ainda.
Sorria para os colegas
e mande a morte ir embora.
HOJE MEU DIA SERÁ LINDO
Carlos Bezerra
Viva o que anima seu coração,
conquiste o que lhe desafia
e aproveite do que desejas
o que lhe dar mais emoção.
Sorridente abrace o tempo e,
de manhã logo cedo, olhe bem
para o céu,
se estiver nublado
esqueca-o por um instante
num cochilo passageiro.
E, quando o sol aparecer,
desperte com os pássaros cantando.
e as borboletas bailando.
Assim, diante do tempo
claro e bonito, e com a brisa suave
te envolvendo,
respire fundo o perfume
das flores, e, com empolgação,
exclame alto
Hoje, o meu dia será lindo!
Folhas soltas
Virgínia Leal
No menear das águas
o que me leva ao transe
é a alternância das vagas
e entre uma e outra o repouso
Pressinto o momento exato
de ascensão e declínio,
a força, a direção, o sentido
O que em ti me encanta
é esse mar agitado,
às vezes contido,
ondas que em mim reverberam,
e em mim têm nascido,
a alteridade da dança
e o intervalo que ancora
a investida e o recuo
a redução e o cimo.
O que me leva ao transe
no fluxo das águas
que habitam em mim
é saber-me perene e farta
nas águas que há em ti
E que por certo adivinhas
de onde virá a próxima vaga
Não apenas uma rosa
Evandro Vasconcelos
Eu trago esta rosa
Para ti.
Mas não apenas esta
Rosa trago comigo…
Trago um mundo de desengano,
de frustração, de sonho perdido.
Um mundo de dor
De incompreensão
De desafeto
De amor contido.
Mas também te trago
Outras coisas
Muitas outras coisas
Trago comigo.
Trago carinho, ternura
Trago um amor perfeito
Um amo sem jeito
Todo feito de loucura.
Uma amor tão puro,
Tão bonito
Tão cheio de risos.
Banhado de lágrimas
Um amor tão sofrido
Mas um amor maior.
Eu trago para ti
Esta rosa
Mas não é só esta rosa
Que trago para ti…
Trago também a mim.
A VIDA É UM PÊNDULO
Carlos Bezerra
A vida é barco no mar
navega em ondas enfurecidas
as vezes águas tranquilas.
Das agitadas não se livra
e procura as calmas
evitando nelas não se afundar.
De balanço em balanço
segue, desliza e avança
entre vagas tumultuosas
dos mares amotinados.
E nesse movimento pendular vai contornando
as águas perigosas, para
escapar dos naufrágios
e chegar ao mar da felicidade.
Enigma
Virgínia Leal
É a vida, um mar profundo.
Mar que é feito de sal,
de ondas e espumas,
a guardar segredos.
Mar sempre a caminho
no seu ir e vir,
e no curso dos sonhos
distrai-se com mimos de conchas.
Vida que se faz peixe
e que se deixa fisgar,
manso a se transportar
pelo barco da ocasião.
E quando o vento se adensa,
Lembra da suavidade da pele
da fluidez da voz,
da memória do Ser.
Mãe de Jesus
Evandro Vasconcelos
Minha Senhora
E mãe minha,
De bondade rainha…
Curvo-me perante vós
Em reverência.
Sinto vibrar em meu coração
Teu amor e teu olhar
De infinita proteção.
Rogo a teu Filho que me guarde todos os dias
Pela tua intercessão.
Mãe pura de amor obediente,
Ao Pai criador reverente
Teu louvor é canto de felicidade, misericórdia, paz e luz.
Chamam-te por tantos nomes
Eu,pecador,chamo somente
Minha Senhora,
Mãe de Jesus!
Os Elementos
Virgínia Leal
Em mim,
Perene é o rio
de águas revoltas
e dele não atino.
Represa rompida,
perco-me no asfalto,
evaporo-me no tempo.
E a chuva
e o vento
e a terra
e o sol
reciclam.
OS PÁSSAROS NÃO CANTAM EM VÃO
Carlos Bezerra
Com trinados melodiosos, eles acordam cedo
para saudar o alvorecer.
Com gorgeios agradáveis
despertam os sonolentos
para o mágico nascer do sol.
Com o novo dia voam em
alegres bandos
aos preferidos arvoredos.
Em seguida vão aos ninhos para alimentar seus filhotes.
Eles são os pássaros cantadores, aves sensíveis e de plumagens vistosas
que dão graças às nossas matas e enternecem os seres humanos.
Nos cenários da natureza
seus cantos são trilhas
sonoras de regiões
atraentes e bucolicas.
São muitos, infindáveis,
dos canários cantantes aos exóticos rouxinóis
sempre animando os bosques.
Sem os pássaros esvoaçantes as florestas se acabariam sem as polinizacoes.
Com eles cantando
livres e voando
a natureza vibra de alegria, o mundo se
torna emocionante
a vida passa a ser romântica e tudo é
mais comovente
para as florestas
e os homens.
RETRATO DE FAMÍLIA
Virgínia Leal
Revoada de pássaros.
Cheiro de terra molhada.
Aroma de cozinha.
Almofadas sobre o sofá.
Verde do jardim.
Colorido da fruteira.
Latido alegre do cão.
Travesseiros espalhados na cama.
Balanço de rede.
Almoço de domingo.
Conversa ao terraço.
Brincadeiras no quintal.
Cantigas de ninar.
Álbum de fotografia.
Detalhes que fazem de uma casa, um lar.
A VIDA PODE SER DIFERENTE
Carlos Bezerra
Que a atitude que comove
sirva de ponte para o coração de pedra
e o comportamento rude
Detenha-se diante dos
gestos nobres.
Troque o rancor por sentimento afetuoso
não alimente o desprezo que humilha nem exija rastejo que dos répteis é a sina.
Ó rosto inclemente não seja arrogante transforme a sisudez em sorrisos que cativa.
Tenha o espírito da boa vontade e a compaixão acima de tudo,
para os incrédulos saberem
que a vida pode ser diferente
com muito amor
paz e contentamento.
Plenitude
Virgínia Leal
Saborear o néctar da vida
nas cores, formas e luzes,
na escuridão,
no mundo, na solidão
Desfrutar do desejo, sem apego
Dispor o ouvido para escutar
sons, vozes, o coração
O que não foi dito
Ter compaixão sempre
no ouvir, olhar, observar
Muito no falar
Amar o amor fluindo de nossas entranhas
Aproveitar cada momento
no êxtase da natureza,
fiel à essência
Porque eu achei que todo dia agente tem obrigação de se olhar no espelho e ver como Deus foi generoso conosco e assim:
Sou alegre sadia e perfeita, forte inteligente e capaz , cresço todos os dias em bondade e sabedoria a semelhança de Deus .
E ainda sou bonita de quebra
O que é que eu posso querer mais ?
Fiz assim por me sentir privilegiada , eu ando, eu falo , eu ouço, eu enxergo, eu sinto cheiro e gosto eu penso , então eu sou perfeita. Obrigada Senhor.
Luzinete Maria Alves dos Santos
ENQUANTO OS PÁSSAROS CANTAREM…
Carlos Bezerra
Hoje, de manhã, acordei ouvindo gorgeios de pássaros, abri a janela e percebi que o dia estava bonito, com o sol brilhando num céu azulado; a brisa balançava suavemente as folhas das árvores e os pássaros voantes e saltitantes pareciam felizes; de repente me surgiu um pensamento estranho: E se o dia amanhecesse sem ouvir-se nenhum canto de pássaro, nenhum mesmo, só o silêncio? Comecei então a pensar:
Enquanto os pássaros cantarem…
A luz do amanhecer será uma certeza, o sol e o céu azul indicarão para o homem um dia de festa para os olhos, dando-lhe motivo para realizações fecundas
Enquanto os pássaros cantarem…
O homem poderá comemorar a alegria de viver, partilhando esse dia com parentes e amigos, junto com os sorrisos das crianças que acenam esperanças para os adultos inseguros; e o mar, as praias, os campos, os belos parques e jardins das cidades estarão disponíveis para todos.
Enquanto o pássaros cantarem…
Ainda haverá tempo de o homem se livrar do egoísmo, das agressões e violências, com a oportunidade de estender as mãos aos que padecem da fome, da miséria e das injustiças, podendo também deter os desmatamentos das florestas, da poluição dos rios, dos mares, do ar e de acabar com as bestialidades das guerras.
Enquanto os pássaros cantarem…
O homem ainda terá a chance de eliminar os mísseis e bombas atômicas.estocadas no mundo, impedindo que ocorra uma hecatombe total.
Por fim, enquanto os pássaros cantarem…
O homem terá oportunidade de repensar o que já fez de destrutivo a natureza e a vida humana e, desse modo, fazer de tudo, mas de tudo, para que os pássaros não emudecam, não parem de cantar, senão a Terra estará irremediavelmente mergulhado num silêncio total e de trevas absolutas.
Primavera
Virgínia Leal
A correr por entre as flores
eu criança quis viver
embalada vou crescer
entre formas, entre cores
em tamanhos, em odores
Na cadência a brisa era
o dançar de uma pantera
tudo canta a natureza
Nos encantos da beleza
vejo flor na primavera
Ave nobre a me ensinar
a magia a me invadir
Bela flor que ali colhi
o seu pólen se espalhar
Um portal a atravessar
entre nuvens me dissera
deslumbrante tal esfera
sua imagem realeza
Nos encantos da beleza
vejo flor na primavera
Espumavam em golfadas
a brilhar idéias tantas
em cascatas sãs tão santas
deslizavam belas fadas
Todo amor feito em camadas
veste o sol de toda era
florescer a atmosfera
é soltar feliz represa
Nos encantos da beleza
vejo flor na primavera.
Ao retê-las evaporam
Não se pode aprisionar
pensamento a se formar
Nas encostas livres moram
as sementes tudo exploram
o cultivo o broto espera
o labor que o homem dera
tece um manto de surpresa
Nos encantos da beleza
vejo flor na primavera
Movimento que seduz
o cenário é intrigante
O trabalho itinerante
faz a noite contra a luz
O pequeno grão reluz
combater sombra severa
no luar que reverbera
a esperança alva certeza
Nos encantos da beleza
vejo flor na primavera
Bom destino é dado ao grão
que nutrido aprende e cresce
bem regado então floresce
procurando comunhão
Esta sorte esta canção
novo emblema a Mãe fizera
cada lágrima coopera
girassol busca pureza
Nos encantos da beleza
Vejo flor na primavera
AS MARCAS DO TEMPO
Carlos Bezerra
Que venham as marcas do tempo
sobre o meu corpo e o meu espírito;
que venham as rugas no meu rosto,
que venham as boas recordações, hoje saudades,
que venham as grandes emoções sentidas,
que venham os desencantos havidos,
que venham as más lembrancas,
que venham os valores esmaecidos,
que venham as desilusões e sonhos não
realizados.
Vivências essas todas bem vindas
por serem elas registros inapagáveis
do que vivi;
só não venha,
por não ser bem vindo,
o desalento do nada
após eu viver tudo isso.
SALGUEIRO
Virgínia Leal
No recomeço de tudo
o sopro da vida pulsa
no escuro útero
É a regressão do ser
a vestir-se de grão
O broto em mutação
cava a passagem de ida
ao desconhecido instante
de orvalho e de sol
de vento e de lua
Fiel ao fio que o ancora
oferta à generosa chã
altaneira fronde
de flores e frutos
À tormenta e sua ceifa
inclina-se em reverência
e doa-lhe imoladas folhas
adubo de gérmen latente
Cada nó, cada gume
urde a preciosa trama
que forma a antiga morada
de todas as eras
O sopro da vida pulsa
e tudo é recomeço
neste jeito humano de ser
EXEMPLOS
Carlos Bezerra
Se dizes que ama o próximo!
Dai exemplo disso.
Se dizes que és correto!
Daí exemplo…
Se dizes que és justo!
Dai exemplo …
Se dizes que és solidário!
Daí exemplo …
Se dizes que és caridoso!
Daí exemplo …
Se dizes que és honesto!
Daí exemplo …
Se dizes que ama teus pais e irmãos!
Daí exemplo …
Se dizes que és leal aos amigos!
Daí exemplo …
Se dizes que ama DEUS !
Daí exemplo de todos acima anunciados.
Mas, se não puderes dar
sequer um desses exemplos, teu discurso será vazio.
E DEUS ficará triste contigo.
Carlos Bezerra
RELICÁRIO DO MEDO
Virgínia Leal
O ouvido engana
O olho cega
A voz fere
Até que falha na segurança
deixa uma lágrima cair,
e com ela, todas as máscaras
SONHAR COM DEUS
Quando as coisas estão confusas,
e me sinto perdido, sem
saída
tenho um enorme desejo
de dormir e sonhar com Deus!
Se isso eu conseguisse
para mim seri uma benção pois, de frente a frente com Ele,
exporiam meus temores
e anseios, na condição
de filho Dele.
E, se de fato isso acontecesse, para Ele faria uma só pergunta:
Pai, porque tantos mistérios se, com Teu Poder, poderias tornar
tudo mais simples?
evitando dores e sofrimentos dos
Teus filhos queridos!
Perdoe-me se Te ofendo
com a minha fé tão pequena!
Mas, com certeza, algo
estaria bem esclarecido
quando eu desse sonho
acordasse;
Pela Tua resposta, eu estaria convencido que a
Tua Criação é Perfeita,
apesar dos maus comportamentos dos
Teus filhos!
Carlos Bezerra
A CANÇÃO QUÊ AINDA NÃO ESCUTEI!
A vida é uma canção,
ela proporciona a existência belos sons
ritmos e inesquecíveis
melodias.
As vezes sons que entristecem,
em outros momentos
oferece melodias que
arrebatam sensações
inigualáveis a nossa alma.
E assim ela vai compondo
a trilha sonora de cada
vida.
A canção que desejo escutar não consigo ouvi-la,
e quando a ouço
ela soa tão longe,
quase inaudível;
muitas vezes são notas
confusas, sem ritmos e melodias, sem eco e sem retorno, porque?
Quando ouvirei a canção
Inteira, sem intervalos?
Carlos Bezerra
Bumerangue
Virgínia Leal
Quando prendo, perco
Ao perder, procuro
E, buscando, encontro
No encontro, solto
E, soltando, volta
No retorno, vejo
O que vejo, escapa
Observo e integro
O que integro, amo
E o amor liberta
AS TRÊS IRMÃS VIRTUOSAS
Um escritor uma vez disse:
” A utopia está lá no horizonte:
Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos
e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei.
Para que serve a Utopia?
Serve para isso:
Para que eu não deixe de caminhar.”
E eu agora acrescento:
Com a mesma compreensão devemos
encarar suas irmãs
FÉ e ESPERANÇA
Que apesar de também
distantes são procuradas
para realizações de sonhos e desejos.
Assim, encontrá-las é como a Utopia, primeiro tem que acreditar,
caminhar e ir ao seu encontro com os olhares
fixos no horizonte.
Bezerra
UM MINUTINHO E TUDO BEM
Manoel Filho
Só penso
Em seus ouvidos falando baixinho
Só penso
Em sua boca dando tantos beijos
Com muitos abraços e com muito carinho
Eu tô doidinho pra matar esse desejo
Pela internet
Que a gente só se fala
Pela Internet
Que a gente só se vê
Sigo sozinho
Aqui na rede da sala, me balançando
E só pensando em você
Mil pensamentos me acompanham toda hora
Muito lhe quero
E você me quer também
Se eu pudesse
Estar com você agora
Mesmo que fosse
Um minutinho e tudo bem
Ah se eu pudesse
Estar com você agora
Mesmo que fosse um minutinho
E tudo bem.
Virgínia Leal
O tempo povoa-me de sonhos,
sonda-me os mistérios,
recolhe significados.
Permeia lacunas
com o dom da espera.
Confiante, prenhe de esperanças.
Dá-me asas e guelras,
o olhar da coruja,
o uivado do lobo.
Anuncia histórias,
encantadas no porvir,
à espera de um gesto.
Toca-me os sentidos
com o sopro das horas
e cheiro de prazer.
De mãos postas,
acolhe sombra e luz
em coloridos prismas.
Joga-me no vácuo
de infinitas possibilidades,
com o riso infantil,
ávido de aventuras.
Embala a criança
dentro de mim,
feita de pura magia
plena de novidades.
E a cada instante
dá-me, generoso e sábio,
a dádiva do presente.
EU, UM SER QUÂNTICO
Nesse universo quântico
ora partícula ora onda eu sou.
Do agitado e rápido micro
Vou a lentidão do macro
e nesse indo e voltando
faço meu passeio existencial.
Perpassando no tempo
e em espaços difusos
busco, na melodia do mundo.
a sonoridade essencial.
No meu interior
está o meu eu epequeno
no cosmos o eu maior
e com meu corpo e espirito vou dançando
A valsa enigmática da vida.
Logo, de onda em onda
de partícula em partícula
chegarei a união total
deixando de ser verso
para ser universo
e deixarei de ser dual
para ser uno com o infinito.
Carlos Bezerra
O BORDADO DA VIDA
Virgínia Leal
Há muito, muito tempo,
quando a voz não conhecia palavras,
a vida era um imenso jardim.
Fácil era entender o bailado das árvores,
o rumor das ondas,
e a vibração das pedras.
Os raios de sol permeavam as árvores
e aqueciam o corpo.
Os pássaros traziam imagens de lugares distantes.
O vento era uma canção ancestral
a lembrar quem somos.
Nesses tempos idos,
quando só havia o agora,
a linguagem era do coração.
Éramos apenas Um.
Um som na orquestra universal,
um gesto na dança dos elementos,
um olhar na construção das alegrias.
Não se sabe em que encruzilhada
nos afastamos desse lugar.
Sabe-se que a nostalgia criou o passado
que congelado ficou no inverno da alma.
Mas há aqueles que se demoram
ao sentir o cheiro de terra que a chuva exala,
ao ouvir o trovão em noites escuras,
ao contemplar a lua no céu de estrelas.
Eles continuam a colher o fio de voz
que irá tecer as histórias,
pois sabem que somos todos um ponto
arrematado no bordado da vida.